O vice-governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, elogiou nesta quarta-feira a atuação da polícia na perseguição dos sequestradores de um ônibus, na noite de terça-feira, no centro do Rio de Janeiro. Para ele, foi uma "evolução" a abordagem dos policiais, que atiraram no ônibus em movimento. "A maioria dos tiros foi nos pneus, na frente e atrás das rodas. Acho que a polícia fez um bom trabalho. Foi uma evolução, comparado ao que ocorreu na época do ônibus (da linha) 174", disse, ao lembrar do sequestro de um coletivo, em 2000, que terminou com o seqüestrador e uma passageira morta.
Em 12 de junho de 2000, Sandro do Nascimento sequestrou um ônibus e manteve os passageiros reféns por mais de quatro horas, antes de descer usando uma mulher como escudo. Ao tentar atingir o sequestrador, um policial baleou a refém de raspão. Nascimento, então, disparou mais três tiros contra a professora, que morreu. Preso, ele foi retirado do local com vida dentro de um camburão, mas chegou morto por asfixia ao hospital.
Pezão e o governador, Sérgio Cabral (PMDB), participaram hoje do 2º Congresso Fluminense de Municípios, no Píer Mauá, no centro do Rio. Cabral, no entanto, não quis se pronunciar sobre o assunto com a imprensa.
Perguntado se a polícia errou ao fazer disparos em uma das vias mais movimentadas do Rio, a avenida Presidente Vargas, Pezão rebateu a tese e disse que pior teria sido se tivessem deixado os sequestradores fugirem. "O ônibus sairia, iria embora e ninguém pegava. Tem de atirar para parar o ônibus."
Hoje, o comandante da Polícia Militar, coronel Mário Sérgio Duarte, disse que os PMs que atuaram no sequestro quebraram o protocolo da instituição. Segundo ele, os policiais não deveriam ter atirado no coletivo. "A ação poderia ter um desfecho trágico, lamentamos as pessoas feridas. Mas em meio aos acertos, temos erros também. Poderia ter sido muito pior, vamos rever nossa situação. Se tem pessoas feridas inocentes é porque teve erros", disse.
Feridos
Entre os cinco baleados durante o assalto, três permanecem internados no Hospital Municipal Souza Aguiar. O caso mais grave é o de Liza Monica Pereira, que foi baleada no tórax e está em estado grave, com fraturas na costela e na clavícula e uma contusão no pulmão. Ela está no Centro de Terapia Intensiva do hospital e não há previsão de alta.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, Alcir Pereira, 56 anos, foi atingido no pescoço e está em observação na enfermaria. O estado de saúde dele é estável. Já Fabiana Gomes da Silva, 30 anos, levou um tiro perto da região do glúteo e passa bem. No entanto, também não há previsão de alta para eles. Um outro homem foi atingido de raspão na perna e já foi liberado do hospital.
Um policial também ficou ferido. Atingido na perna, ele segue internado no Hospital Central da Polícia Militar. Entre os reféns, 11 saíram ilesos na operação.
O sequestro
O ônibus com itinerário Praça XV-Duque de Caxias, Baixada Fluminense, foi cercado pela polícia na pista sentido Praça da Bandeira, na altura do Sambódromo. Quando o ônibus parou no ponto, os criminosos entraram e pagaram a passagem. O motorista desconfiou e, no ponto seguinte, conseguiu fazer sinal para dois policiais e aproveitou para fugir.
Um dos presos pelo crime é sobrinho do líder da facção de traficantes Comando Vermelho, Fernandinho Beira-Mar, apontado com um dos criminosos mais perigoso do País. Segundo a delegada assistente da 6ª Delegacia de Polícia (DP) da capital fluminense, Tânia Burlandi, Jean Júnior Costa Oliveira confirmou ser filho de uma das irmãs de Beira-Mar.
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