Cerca de três meses após o governo federal lançar em Mato Grosso um plano especial para reprimir o desmatamento ilegal da floresta - que entre os meses de março e abril atingiu níveis críticos - o volume de autos de infração emitidos posterior ao período já atingiu a marca de R$ 460 milhões. No total, 60 mil hectares de terras foram embargados. Os números referem-se a um balanço parcial apresentando na tarde desta terça-feira (9) pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), em Sinop, a 503 quilômetros de Cuiabá.
O município serve como base da operação que concentra agentes do instituto, Força Nacional, além de outros representantes do setor de segurança. Entre os meses de abril e julho, 80 caminhões e 40 tratores, empregados tanto para a exploração ilegal de madeira, quanto o desmatamento mediante corte raso, foram apreendidos. O superintendente do Ibama em Mato Grosso, Ramiro Martins Costa, diz que as ações estão refletindo diretamente no registro das ocorrências pelos municípios do estado.
Segundo ele, a presença efetiva de agentes do estado tem coibido a prática ilegal, embora ainda seja flagrada a presença do homem em áreas de floresta, retirando madeira sem a devida autorização dos órgãos competentes. "Há uma grande expectativa de fechar o ano com uma queda no desmatamento, baseado no compromisso que foi assumido", declarou Ramiro, em entrevista ao G1.
Ramiro diz que a queda na ocorrência do desmate ilegal a corte raso pode ser associada à diminuição das áreas onde o órgão ambiental tem feito vistorias. Nestes três meses de operação foram 600 polígonos verificados. A operação também foi responsável pela apreensão de aproximadamente dois mil metros cúbico de madeira serrada e outros 13 mil em tora. Vinte e seis pessoas foram encaminhadas aos agentes policiais após terem sido flagradas atuando de maneira direta ou indireta na destruição da floresta.
Boa parte do material apreendido foi doado para instituições, prefeituras em Mato Grosso e até mesmo de outros estados, como um hospital de São Domingos do Sul (RS). O superintendente do Ibama lembra que o fato de haver autos de infração não basta para coibir a prática.
"É preciso tirar o bem. Sendo um produto oriundo do crime, estamos tirando e destinando a outros fins. Sabemos que a multa não basta, pois o cidadão pode recorrer. Já o bem, o caminhão, o trator, ele perde e sente [o prejuízo financeiro]", acrescentou.
Segundo no ranking
Em junho, 313 quilômetros quadrados da Floresta Amazônica foram desmatados por corte raso ou degradação progressiva. O estado do Pará encabeçou a lista, com 119,63 km². Já Mato Grosso ficou na segunda posição, com 81,54 km², segundo o Deter, sistema de detecção do desmatamento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Rondônia ficou na terceira posição, com 64,15 km².
O gerente-executivo do Ibama em Sinop, Evandro Carlos Selva, acredita que a diminuição no volume de desmate deve se tornar constante. "Hoje não encontramos mais desmatamento em andamento. O que está ocorrendo agora são flagrantes em exploração ilegal de madeira, que é a primeira etapa do desmatamento", concluiu Selva.
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