Seduc discute educação e saúde em terra indígena
A construção de uma proposta educacional articulada com foco na prevenção do consumo de bebidas alcoólicas nas comunidades indígenas do povo Bororo. Esse é o tema central do Encontro de Educação e Saúde em Terra Indígena, promovido pela Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso (Seduc/MT), em parceria com a Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), Fundação Nacional do Índio (Funai), Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) e Conselho Estadual de Políticas Públicas Sobre Drogas (Conem/MT). O evento, iniciado na manhã desta terça-feira (09), no auditório do Parque Massairo Okamura, em Cuiabá, termina quinta-feira (11).
Um total de 20 representantes de comunidades indígenas (16 professores e 4 lideranças indígenas) participam das discussões. O ‘Chefe Tradicional’ Américo Rugubu, Boe Eimejera também convidado para o evento declarou em língua nativa, que não foi para sala de aula, mas sempre lutou pelo progresso das comunidades. O professor Bruno Tavie, da Aldeia Córrego Grande, de Santo Antônio do Leverger, foi o tradutor da mensagem ao público.
“Vamos trabalhar a elaboração de um currículo e construir uma proposta fundamentada no respeito e religiosidade do povo Bororo. Nossa ação é preventiva”, explica a organizadora do Encontro e membro da equipe da Coordenadoria de Educação Indígena, Letícia Queiroz. Esta é a primeira vez que se realiza um encontro para discussão dessa temática.
A secretaria adjunta de Políticas Educacionais, Fátima Resende, pontuou que a Seduc trabalha fundamentada no respeito a especificidade do público a ser atendido e busca, cada vez mais, o conhecimento para poder atender as demandas. Mato Grosso se destaca por ter uma liderança indígena - professor Félix Adugoenau Rondon - a frente da Coordenadoria de Educação Indígena. "Félix tem socializado as informações para que se faça acontecer à educação. Esse é o nosso desafio", diz. Conforme a professora Fátima Resende, é necessário toda uma aldeia para que se consiga educar uma criança e falar de doenças não é uma situação fácil. "A questão do vício é muita doída a qualquer família".
A necessidade de ações conjuntas, de intervenções que possibilitem a mudança do atual cenário para esse povo não pode ser interpretada como primazia. A análise é do professor Félix Adugoenau. “Essa foi à primeira comunidade a colocar a problemática por causa da ingestão de bebida alcoólica. Pensamos em abarcar todos os funcionários, pois todos são educadores na escola ou no entorno delas. Temos a necessidade de trabalhar com nossas crianças, de prepará-las”.
Sobre a proposta a ser implementada, o coordenador da Sesai/Dsei em Cuiabá, Arlindo Gilberto, ponderou que “é importante a realização deste processo que irá auxiliar na formação de futuros agentes de saúde. Essa conexão entre saúde e educação permite esse aprofundamento para que essa ligação se torne cada vez mais uma realidade concreta”. O coordenador regional da Funai, César Garcia de Araújo, finalizou lembrando que “estamos trabalhando e unindo forças por um denominador comum, pelo bem da comunidade indígena”.
Ao término do evento será criada uma agenda de compromissos coletivos para a continuidade do Projeto Educação e Saúde e ainda um cronograma de elaboração da proposta pedagógica em Terra Indígena. Será firmado ainda o compromisso de todos os envolvidos professores, lideranças tradicionais, Seduc, Funai, CEI, Sesai, no sentido de monitorar as ações do uso abusivo do álcool nas aldeias como riscos para a saúde.
Dados da Coordenadoria de Educação Indígena aponta que existem 20 mil estudantes atendidos pela rede estadual de educação. Desse percentual, cerca de mil pertencem a etnia Bororo.
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