O método oferece reduzido tempo de espera e aumenta o aproveitamento de órgãos doados
Ex-vivo: nova técnica em transplante de pulmão
As principais indicações para a realização do transplante de pulmão são doenças como enfisema, fibrose pulmonar, fibrose cística - uma doença congênita -, hipertensão pulmonar e linfangioleiomiomatos.
Enquanto no mundo inteiro são realizados, em média, 4 mil transplantes ao ano, no Brasil este número gira em torno de 60.
“Enquanto os números mundiais são cada vez maiores, no Brasil permanecem baixos”, revela dr. Paulo Pêgo, membro da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia (SPPT).
Mas este panorama pode mudar, afirma o especialista. A chegada de um novo método ao país enche de esperança médicos e pacientes que aguardam na fila do transplante. Aprovado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa este ano, os primeiros procedimentos utilizando o método Ex-Vivo devem começar ainda no primeiro semestre.
A técnica existe há dois anos na Suécia e no Canadá com resultados bastante positivos. Trata-se do recondicionamento do pulmão doado fora do corpo, antes do transplante, aumentando a fraca estatística de aproveitamento destes órgãos.
“Apenas cinco entre cem órgãos doados podem ser utilizados. Muitos dos problemas encontrados, como grande quantidade de água no pulmão doado, agora poderão ser tratados por esse novo método”, explica dr. Pêgo.
Com a possibilidade de recondicionamento de pulmões, e consequente aumento do aproveitamento das doações, será possível diminuir o tempo de espera pelo transplante, que hoje está por volta de dois anos em São Paulo.
“Nossa meta é que o tempo de espera seja de seis a oito meses”, revela o médico.
O transplante
Existem duas modalidades básicas de transplante de pulmão. Uma delas é a cirurgia “entre vivos”, muito rara atualmente, em que duas pessoas saudáveis doam parte de seus órgãos a uma criança. Esta técnica é utilizada em casos muito específicos, visto que coloca em risco a saúde de duas pessoas saudáveis.
Já a técnica feita com o órgão doado envolve um doador com morte cerebral irreversível.
Todos os métodos são contra-indicados em casos de câncer de pulmão, pois segundo o especialista, a doença acabaria atingindo o órgão transplantado.
“Tabagistas, portadores de outras doenças graves e indivíduos com mais de 70 anos também são contra-indicados para a cirurgia”.
A doação
Para o transplante, o órgão deve estar em boas condições, ou seja, sem doenças contagiosas como hepatite, HIV ou sífilis, doenças pulmonares prévias ou traumas e ferimentos graves. Além disso, a família deve autorizar a doação do órgão.
“Hoje a legislação do Brasil não aceita somente a assinatura do doador. A família também deve autorizar”, explica dr. Pêgo. Segundo o especialista, na Espanha, por exemplo, é diferente. “Todos os órgãos são doados quando possível, independentemente da vontade da família ou do doador: os órgãos são do Estado”.
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