Movimento da AMM recebei apoio da OAB, MPE e AL; executivos municipais revelam medo
Após mortes, prefeitos exigem mais segurança do Estado
Após a morte de dois prefeitos, no curto espaço de 15 dias, a Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM) coordenou, nesta terça-feira (9), um movimento no qual prefeitos de todos os municípios assinaram documento exigindo mais segurança por parte do Estado.
O documento, exigindo melhor aparelhamento da Segurança Pública, será assinado pelo Ministério Público Estadual (MPE), Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/MT) e Assembleia Legislativa. O auditório da AMM foi marcado pela presença de vereadores e prefeitos de vários municípios, exigindo rígidas providências do Estado.
O presidente da AMM e prefeito de Acorizal (62 km ao Norte de Cuiabá), Meraldo Sá (PR), afirmou que o Estado vive um clima de insegurança pública, onde nem mesmo as autoridades estão sendo respeitadas.
"A sociedade está convivendo em um sistema de alerta de emergência. A morte dos prefeitos não deixa de ser um crime político, porque atinge o gestor. Não estamos defendendo somente a categoria, mas a sociedade, que está ameaçada pela onda de crimes", disse Meraldo.
Nas últimas semanas, foram executados a tiros o prefeito de Nova Canaã do Norte, Antônio Luiz Cézar de Castro, o Luizão (DEM), e o prefeito de Novo Santo Antônio, Valdemir Antônio da Silva (PR), o "Quatro Olho", morto a tiros na própria residência.
Por motivação política, mais prefeitos de Mato Grosso estão ameaçados de morte. Em Colíder, Celso Banazeski (PR) revelou que, recentemente, foi alvo de ameaça de morte.
"Há 60 dias, a janela da minha casa foi alvejada por tiros e recebi vários telefonemas ameaçadores. Tudo leva a crer que ocorreu por causa do despejo de uma rua. Registrei Boletim de Ocorrência e pedi investigação da Polícia Civil que está apurando o caso", declarou o prefeito.
Por outro lado, o prefeito de Santa Terezinha, Domingos da Silva Neto (PP) criticou o sucateamento da estrutura da Segurança Pública no interior de Mato Grosso.
"O Estado precisa dialogar com prefeitos do interior para conhecer a realidade e formular um plano de Segurança Pública. No meu município, são 7 mil habitantes e apenas dois policiais militares e dois policiais civis. A delegacia mais próxima está a 120 km de distância. Isso é inaceitável", disse.
O prefeito de Colíder, Celso Banazeski, também revelou um quadro preocupante em seu município. "São apenas 9 policiais militares para cuidar de 34 mil habitantes. Os pedidos de aumento no efetivo são recusados porque o Estado alega falta de efetivo", afirmou.
Mais ameaças
Em Alto Boa Vista, o prefeito Wanderley Perin (PR), que assumiu o cargo após a cassação do adversário Aldecides Milhomem (DEM), pela Justiça Eleitoral, sofria ameaça de morte por meio de telefonemas anônimos e, agora, anda escoltado por policiais patrocinados pelo Estado.
Em Lambari D"Oeste, a prefeira Maria Manea da Cruz (PP) permaneceu vigiada por seguranças, nos últimos meses, após a Polícia Civil desmantelar uma quadrilha de pistoleiros que tinham o plano de matá-la.
"Faroeste caboclo"
Representando a Assembleia Legislativa, o deputado estadual Dilmar Dal"Bosco (DEM) afirmou que o governador Silval Barbosa (PMDB) está pagando pelo descaso de governos anteriores.
"Em oito anos, Blairo Maggi pouco investiu no setor e o que se assiste hoje é um déficit no efetivo da Polícia Militar, que reflete em todos os municípios. O momento é de apreensão e está se instalando um faroeste caboclo em Mato Grosso. Não podemos viver numa terra sem lei, onde sequer autoridades são respeitadas. Não se pode esperar tragédias para tomar providências", disse o deputado.
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