Palmeirense desde criança por influência do pai (Kendi Hoyama), que o levava aos jogos, Hugo só foi acompanhar uma final no estádio em 1998. No dia 30 de maio daquele ano, das arquibancadas do Morumbi, ele e um amigo assistiram à decisão da Copa do Brasil contra o Cruzeiro. Fez a festa com a vitória por 2 a 0 (veja os gols no vídeo acima), mas o grito de campeão, com o gol do título aos 44 minutos do segundo tempo, demorou a sair por causa de uma reclamação.
- O Paulo Nunes fez 1 a 0 no primeiro tempo, mas o segundo gol não saía. O jogo estava fechado e parecia que ia para os pênaltis. Até que no final o goleiro do Cruzeiro soltou uma cobrança de falta e o Oséas chegou chutando sem ângulo. Na hora falei: “Pô, Oséas, o que você fez?” Só quando vi a torcida do outro lado do estádio comemorando que percebi que tinha sido gol. Até o Felipão (que também era o técnico na época) também achou que o chute tivesse ido para fora. Essa foi minha única final no estádio e ficou guardada na memória - contou o mesa-tenista
Hugo Hoyama não lembra até que horas se estendeu a comemoração.
- Estava em ritmo de treinamento, então não podia exagerar. Mas ainda consegui bagunçar um pouquinho (risos).
Após perder o primeiro duelo da final por 1 a 0, no Mineirão, o Palmeiras precisava de uma vitória por dois gols de diferença para conquistar o título. Para a partida decisiva, a torcida lotou o Morumbi com 45 mil pessoas, que logo vibraram naquela tarde de sábado: aos 12 minutos, em jogada de atacantes, Paulo Nunes escorou cruzamento de Oséas e abriu o placar. Mas o Cruzeiro continuou fechado, segurando o resultado parcial, que levava a disputa para as cobranças de pênalti. Só que, aos 44 minutos do segundo tempo, Zinho cobrou falta de longe. O goleiro cruzeirense Paulo César não segurou e, na linha de fundo, Oséas finalizou de primeira. Forte e sem ângulo, o chute fez a bola subir e bater no travessão antes de parar dentro da rede, o que confundiu Hugo Hoyama.
Fanático, mesa-tenista tem de tudo do Palmeiras: roupa, colcha, chinelo, almofadas... (Foto: Arquivo Pessoal)
O amor pelo Verdão foi parar no papel em 2005, quando se tornou atleta do clube. O vínculo durou só até o fim da temporada, mas ano passado retornou e ele continua defendendo as cores do Palmeiras. Em 24 anos de carreira, Hugo precisou se acostumar a acompanhar seu time de longe devido às viagens e competições. Teve a vida facilitada pela internet, mas recorda das dificuldades encontradas antes do mundo virtual se tornar de fácil acesso.
- Lembro que em 2001 o Palmeiras enfrentava o Boca Juniors, pela semifinal da Libertadores, e eu estava no Japão na época. Como não tinha internet, na hora do jogo liguei a cobrar do orelhão para o meu pai, que ficou narrando os lances e a disputa de pênaltis para mim. Mas o Palmeiras perdeu e saí da cabine telefônica desolado. Acho que a única partida importante que não acompanhei foi a final do Mundial de Clubes contra o Manchester, em 1999 (confira os lances no vídeo ao lado). Estava voltando de viagem e cheguei já faltando uns três minutos para acabar. Fiquei sabendo que o Palmeiras perdeu muitos gols e acabou derrotado, mas até hoje não tive coragem de ver os lances desse jogo.
Superstição em jogo
Com o Palestra Itália fechado para as obras da Copa do Mundo de 2014, o mesa-tenista conta que ficou mais difícil ir aos jogos. A TV virou o seu estádio, e ele tem o hábito de se caracterizar para assistir às partidas.
- Tenho que estar com alguma coisa do Palmeiras. Quando estou bastante motivado, coloco camisa, short e meião. Faço muito isso. Costumo usar mais a camisa branca e a verde- limão, mas só escolho na hora. Penso: “Acho que essa aqui vai dar sorte.” E se o Palmeiras estiver perdendo, no intervalo vou e troco a camisa - explicou.
Superstição? Hugo tem diversas camisas para usar durante os jogos do Verdão (Foto: Arquivo Pessoal)
Outra “tática” que o atleta descobriu foi “prever” um resultado adverso.
- Quando falo que o Palmeiras vai perder, ele ganha. Mas se digo que vai vencer, aí é derrotado. Então vira e mexe eu afirmo que o time vai perder. O povo me xinga, fica na bronca, mas falo que sou realista e às vezes dá certo (risos).
Apesar de não se considerar supersticioso, Hugo confessa que por um tempo evitou ir ao estádio por achar que não dava sorte ao time.
- Teve uma época que tinha um pouco disso, de ser pé-frio. Acho que foi ano retrasado. Ia ao estádio e era difícil ganhar, no máximo era um empate. Até evitei ir, mas isso já passou. Na maioria dos jogos que vou agora, está ganhando. É só questão de pensamento positivo. Como sou atleta, sei que tem essas fases de não conseguir jogar bem, mas uma hora passa - revelou, afirmando não ter feito nenhum “ritual” para afastar a maré de azar.
Cuecas de amuleto
Aos 42 anos, o mesa-tenista treina enquanto aguarda a convocação para o Pan-Americano de Guadalajara, no México, que será realizado em outubro. Se for chamado, ele espera repetir uma estratégia peculiar utilizada durante o Pan de 2007, no Rio de Janeiro.
Ao lado dos "amuletos", atleta exibe medalha de ouro conquistada no Pan de 2007 (Foto: Arquivo Pessoal)
- Em toda viagem levo uma camisa do Palmeiras, uso mochila... Sempre tenho que ter alguma coisa do time. No Pan em 2007 não podia usar nada no uniforme que não fosse do Brasil, nem a meia. Então comprei umas 12 cuecas, branca e verde, com escudo e tudo. E deram sorte - disse o atleta, que “aposentou” e guardou os “amuletos”, mas avisa que pretende comprar mais caso vá para Guadalajara.
Além do Pan, ele pretende disputar as Olimpíadas de Londres em 2012, quando, ao fim da competição, planeja encerrar sua carreira pela seleção e continuar apenas por um clube no Brasil.
Encontro com o ídolo Marcos
Com 1,69m de altura, Hugo é goleiro quando se arrisca no futebol entre amigos. Fã declarado do goleiro Marcos, ele teve a chance de encontrar o ídolo pela primeira vez há pouco menos de três meses.
- Sempre fui ao CT, mas nunca o encontrei. Este ano, antes de começar o Brasileiro, consegui achá-lo e conversamos rapidamente. Quando o assessor do Palmeiras comentou que eu gostava de jogar como goleiro, ele olhou para mim e disse: “Imagina o tamanho do gol” (risos). No futebol society é mais tranquilo, mas no campo, às vezes, faltam alguns centímetros para defender os chutes - brincou.
O mesa-tenista não se importa em não ter dado tempo de tirar foto ou pegar um autógrafo do ídolo.
- Prefiro autografar na mente. Aquelas palavras valem muito mais do que uma assinatura no papel.
Comentários