Segundo Mauro Zaque, precisa haver repressão efetiva por parte do Estado; "A vida está valendo pouco"
Promotor diz que pistolagem "voltou a imperar" em MT
Estamos percebendo que, em Mato Grosso, a vida vale muito pouco; ou quase nada". A declaração é do promotor Mauro Zaque, que criticou a volta dos crimes de pistolagem e a falta de mecanismos efetivos de repressão no Estado.
Segundo ele, basta analisar os fatos recentes, onde empresários, jornalistas e políticos estão sendo executados, para se chegar à constatação de que a "Lei do 44" voltou a ser prática comum. "Infelizmente, pelos últimos fatos ocorridos, temos que reconhecer que os crimes de pistolagem já estão imperando, de novo, em Mato Grosso", afirmou.
Zaque, que é promotor da 11º Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público e Probidade Administrativa, fez uma análise contextual.
"Em um passado recente, Mato Grosso viveu um tempo de caos relacionados aos crimes de execução. Essa fase foi encerrada com prisão de João Arcanjo Ribeiro e o desbaratamento de sua quadrilha. Hoje, a gente percebe que a realidade é praticamente a mesma daquele período, porque a vida das pessoas já não têm valor. Estão matando no meio da rua, à luz do dia, em público", afirmou.
Segundo ele, o Estado precisa dar uma resposta rápida e à altura. "O que está faltando é uma resposta efetiva por parte das autoridades. Se não houver acompanhamento constante em cima de organizações criminosas, e uma política severa de repressão, esses grupos começam a colocar a cara de fora, como está acontecendo hoje", acentuou.
"Hoje, os criminosos não estão temendo as instituições. Para reverter essa situação é preciso uma ação conjunta e coordenada de várias instituições, das policias Civil e Militar, de órgãos de inteligência, da Polícia Federal, do Judiciário, do Ministério Público, enfim, uma ação efetiva para combater a pistolagem", completou.
Política de Estado
Para ele, "é visível que essa repressão não está acontecendo". "São fatos incontestáveis que mostram que a coisa está solta. Hoje, muitas pessoas estão mandando matar para resolver os seus problemas. E, quando a gente analisa a realidade, vê que não tem ação voltada para acabar com isso. O Estado não está respondendo à altura a essa demanda de criminalidade", disse.
Segundo Zaque, que já atuou no Gaeco (Grupo de Atuação e Combate ao Crime Organizadp), existe falta de estrutura e de política de Estado, por parte do governo federal e de Mato Grosso.
"O governo federal e o de Mato Grosso precisam se posicionar de forma rígida e implantar uma política de resultados. Não podemos olhar esses crimes de forma isolada; a verdade é que hoje as pessoas estão completamente livres para matar, se sentindo à vontade, sem freio nenhum", afirmou.
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