10º Congresso Brasileiro do Agronegócio (CBA) é aberto em São Paulo
O 10º Congresso Brasileiro do Agronegócio ocorre em um momento delicado, declarou segunda-feira (09/08) Carlo Lovatelli, presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), entidade patrocinadora do evento. Ao abrir os debates do Congresso, que neste ano adota o tema “Mudanças e Paradigmas”, Lovatelli lembrou que 30 de outubro o mundo terá 7 bilhões de habitantes e que o Brasil tem grande responsabilidade na alimentação desse enorme contingente humano. Isso ocorre, ao mesmo tempo em que Estados Unidos e Europa emitem sinais de desarrumação e de insolvência em suas economias. “O olhos do mundo estão voltados para o Brasil”, declarou o presidente da ABAG. O desenvolvimento do agronegócio depende de políticas públicas adequadas e investimentos pesados, acrescentou. Há questões a serem resolvidas, como a definição de um marco regulatório. O agronegócio carece ainda do reconhecimento da sociedade. “A recente votação do Código Florestal, pela Câmara dos Deputados, revelou um total desconhecimento da realidade do agronegócio por parte da sociedade”, afirmou.
Participaram da cerimônia de abertura do 10º CBA o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o senador Blairo Maggi (PR-MT) e os deputados federais Duarte Nogueira (PSDB-SP), Moreira Mendes (PPS-RO). A cerimônia de abertura do 10º CBA contou ainda com a participação do secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, José Carlos Vaz, da secretária da Agricultura de São Paulo, Mônica Bergamaschi, e do vice-presidente de Agronegócio do Banco do Brasil, Osmar Dias.
‘Sem política adequada de preços, carro flex pode acabar’
A expansão da oferta de etanol depende de um pesado programa de incentivos e de investimentos. Entretanto, isso só deverá se concretizar depois de o governo colocar o etanol em posição de destaque na matriz energética brasileira. Enquanto o País mantiver uma política de preços baixos para a gasolina e demais derivados de petróleo, a produção de etanol deverá regredir. “Será o fim do carro flex”, previu Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, palestrante do 1º Painel do 10º Congresso Brasileiro do Agronegócio, nesta segunda-feira (09/08). O consumo de gasolina no Brasil, segundo Pires, não para de subir. Em 2010, cresceu 19%, enquanto que o Produto Interno Bruto aumentou 7%.
Essa política de preço baixo para os derivados do petróleo não se restringe ao Brasil. Argentina e Venezuela também adotam essa estratégia, cujos resultados, segundo Pires, são bem conhecidos. Acabou o gás na Argentina e as reservas de petróleo leve na Venezuela estão se esgotando. Essa também é a opinião do professor da USP, José Goldemberg, que qualificou o etanol como “um presente dos deuses”. Além do suco, a cana proporciona também o bagaço, que apenas em São Paulo, segundo ele, tem potencial para produzir energia equivalente à usina de Belo Monte, em construção na região amazônica.
Alckmin
O governador Geraldo Alckmin disse, na abertura do Congresso, que São Paulo está se esforçando para melhorar a infraestrutura e a logística em prol do crescimento do agronegócio. Citou a melhoria do acesso ao Porto de Santos por meio dos trechos Oeste e Sul do Rodoanel, a hidrovia Tietê/Paraná e redução de ICMS sobre bens de capital na produção de bioeletricidade. “Podemos prodzir 5,5 mil MW, uma Belo Monte em energia limpa”,disse. Outra ação, segundo ele, é a criação, na Fatec de Pompéia, do curso de tecnólogo em mecânica de precisão voltado para o antigo cortador de cana, já que toda a atividade nos canaviais é mecanizada.
Antes de Alckmin, o senador Blairo Maggi reclamou da dependência tecnológica do País na agricultura e na produção de insumos, como fósforo e potássio, e também dos gargalos da infraestrutura que prejudicam a competitividade do agronegócio. O deputado Moreira Mendes, presidente da Comissão Parlamentar da Agricultura na Câmara Federal, criticou o Senado por incluir mais uma comissão, a de Ciência e Tecnologia, para analisar o Código Florestal. “Para mim, isso é protelar a matéria”, afirmou. Já o deputado Duarte Nogueira disse que o agronegócio, apesar de ser o fiel da balança comercial, não tem tido a importância que merece.
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