O corpo do prefeito interino de Teresópolis, Roberto Pinto, chegou à sede da prefeitura por volta de 12h30 deste domingo (7). Lá ele será velado até as 17h, quando será levado para ser enterrado no cemitério do município na Região Serrana do Rio. Roberto, de 67 anos, morreu na madrugada deste domingo. Ele era vice-prefeito e assumiu a prefeitura na sexta-feira (5), após ser empossado por vereadores da Câmara Municipal.
Os vereadores votaram pelo afastamento por 90 dias de Jorge Mário (sem partido), para que uma Comissão Processante pudesse investigar denúncias de mau uso do dinheiro destinado à recuperação da cidade após as chuvas de janeiro. Na ocasião, 392 pessoas morreram.
Corpo de Roberto Pinto foi levado num carro dos bombeiros à prefeitura (Foto: Lilian Quaino/G1)
Infarto
A morte foi confirmada por Sérgio Nazareth, nomeado secretário de Governo, por Roberto, na sexta-feira. De acordo com Sérgio, Roberto teve um infarto e não resistiu. Ele foi encaminhado para o Hospital São José, onde faleceu. Ele era médico ortopedista, casado, e deixa seis filhos e netos.
"O sonho político dele ele conseguiu realizar, que era ser prefeito da cidade que ele tanto amava. Foram as 48 horas mais felizes da vida política dele", disse Sérgio, amigo pessoal de Roberto.
O secretário explicou que quem assume a prefeitura agora é o presidente da Câmara de Vereadores de Teresópolis, Arlei de Oliveira.
Amigos se despedem
A prefeitura já está lotada de amigos, parentes e moradores simpatizantes de Roberto. O corpo do prefeito foi levado por um carro do Corpo de Bombeiros.
Neltor Vidal (PMDB), prefeito eleito de Magé, na Baixada Fluminense, que toma posse na quarta-feira, era amigo de Roberto há 37 anos e disse que ele vinha reclamando que não se sentia muito bem. Ele esteva com Roberto no sábado (6) e achou-o abatido. "Para assumir um cargo desses tem que ter muita saúde, pois a pressão é grande".
Um dos vereadores do município, Carlão lamentou a morte. "A mensagem que ele deixa é de fé, esperança e luta. O organismo não é de ferro, nossa vida é de dificuldade. Além do obstáculo de termos perdido nosso amigo, temos que superar o obstáculo do homem público, que é cuidar da saúde e da eucação do povo”. Segundo ele, às 16h a Câmara dará posse a Arlei de Oliveira (PMDB), presidente da Câmara, sem maiores formalidades.
Posse conturbada
Na manhã de sexta-feira, logo após sua posse na Câmara dos Vereadores, Roberto foi impedido de entrar no gabinete da prefeitura, que ficou trancado até o início da noite. O prefeito interino decidiu então usar o saguão da casa onde funciona a prefeitura para exonerar os secretários do governo. Por volta de 18h, um oficial de Justiça compareceu à prefeitura com uma ordem judicial para abrir o gabinete.
"Vamos começar a trabalhar de imediato. Vamos fazer um levantamento da zona de calamidade pública e das pessoas que estão fora de abrigos nas ruas," disse Roberto Pinto após assumir o gabinete do prefeito, que estava trancado até o início da noite.
Prefeito afastado recorreu
Na quinta-feira, a Justiça do Rio indeferiu o pedido de liminar feito pelo prefeito afastado para suspender os efeitos da decisão da Câmara de Vereadores do município.
Diário Oficial de Teresópolis publicou decisão de afastamento (Foto: Patrícia Kappen/G1)
Na terça-feira (2), o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ) afirmou que a Câmara de Vereadores de Teresópolis não teria poder para afastar o prefeito, sem uma decisão judicial. Mas, de acordo com a Câmara, a determinação tem como base a Lei Orgânica Municipal e a Constituição Federal após denúncias de irregularidades. Uma comissão processante da Câmara investiga o caso.
O prefeito deixou o PT no último dia 8 de julho, após as denúncias. Sua assessoria de imprensa afirmou que ele já tinha a intenção de deixar o partido.
Denúncias
Entre as denúncias de irregularidades apontadas pelos vereadores estão obras inacabadas, contratação de empresas sem licitação, falta de prestação de contas, além do uso indevido do dinheiro público para a recuperação da cidade. Teresópolis foi uma das cidades que mais sofreram com as chuvas de janeiro.
Procurada pelo G1 na quarta-feira (3), a Controladoria Geral da União (CGU) informou que o relatório é sigiloso e não divulgou prazo para terminar. Após a conclusão, ele deve ser encaminhado para o Ministério Público Federal, o Ministério da Integração Nacional e a Polícia Federal.
Prazo
No último dia 18, o Ministério da Integração havia informado que a prefeitura de Teresópolis teria 30 dias para apresentar explicações sobre os indícios de irregularidades no uso de dinheiro público destinado à reconstrução da cidade. O prazo começou a contar a partir da notificação da prefeitura.
A CGU recomendou ao ministério o bloqueio dos recursos repassados pela União - que somam mais de R$ 7 milhões - para socorro e assistência às vítimas das chuvas. De acordo com a assessoria do ministério, o bloqueio do dinheiro foi pedido no dia 15 de julho.
Caso as justificativas da prefeitura não sejam consideradas “convincentes” pelo governo federal, a Secretaria Nacional de Defesa Civil vai determinar a devolução do dinheiro.
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