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Internacional
Sábado - 06 de Agosto de 2011 às 11:15

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Membros da oposição, políticos ocidentais e ativistas de direitos humanos criticaram neste sábado a prisão de Yulia Tymoshenko, ex-primeira-ministra da Ucrânia, enquanto mais de 100 pessoas acamparam em frente ao tribunal de Pechora (Kiev) para exigir sua libertação.

A ex-primeira-ministra, condenada por abuso de poder e desvio de verbas públicas, foi levada para a prisão na sexta-feira, após ser detida na sala da audiência por desacato ao tribunal.

O senador americano John McCain, ex-candidato à Presidência dos Estados Unidos nas últimas eleições, declarou que a prisão da ex-chefe de Governo da Ucrânia representa uma violação dos direitos fundamentais da ré.

"Estou profundamente preocupado com a prisão da ex-primeira-ministra da Ucrânia Yulia Tymoshenko. Esta ação é uma clara violação dos direitos fundamentais, que devem ser defendidos para cada cidadão em um país democrático", afirmou McCain em um comunicado publicado neste sábado no site da ex-líder ucraniana.

O senador republicano considerou que a detenção de Yulia Tymoshenko vai além do destino da própria prisioneira. "Estão em jogo o futuro da liberdade e da democracia na Ucrânia. Infelizmente, os atos de hoje dos poderes ucranianos põem em dúvida sua fidelidade às bases da democracia e, como tais, dificultarão consideravelmente o caminho da Ucrânia para sua integração", ressaltou McCain.

A opinião de McCain é compartilhada pelo líder do Partido Europeu da Ucrânia, Nikolay Katerinchuk, que disse que a prisão de Tymoshenko interrompe a aproximação da antiga república soviética à União Europeia.

"A Ucrânia perdeu a partir de hoje suas chances de se aproximar da União Europeia e enfraqueceu suas posições no âmbito internacional", asseverou Katerinchuk.

A organização de defesa dos direitos humanos Freedom House reivindicou às autoridades ucranianas que libertem Tymoshenko. "O atual desenrolar do processo reforça a ideia de que a atual administração persegue Tymoshenko de forma seletiva para obrigá-la a permanecer calada", assinalou uma nota da ONG.

Evgueni Zakharov, vice-presidente de outra ONG, o Grupo de Khrkov, considera a decisão do juiz um passo rumo à desintegração da Ucrânia. "Metade do país foi presa e a outra metade vigia a primeira, o que resultou na desintegração do país", declarou Zakharov.

Vinte tendas de campanha foram montadas na praça em frente ao tribunal pelos simpatizantes da ex-premiê, e rodeadas pouco depois por escudos metálicos da tropa de choque da Polícia, que vigiam o acampamento improvisado.

Em frente às tendas de campanha, o partido político Batkivshina, liderado por Tymoshenko, montou dez quiosques informativos com os símbolos da legenda.

O ato de protesto continuará até que as autoridades judiciais libertem Yulia Tymoshenko, segundo seus organizadores.

O vice-presidente do Conselho Supremo (Parlamento) da Ucrânia, Nikolay Tomenko, membro do Batkivshina, anunciou neste sábado que a oposição convocará uma sessão extraordinária do Legislativo para exigir a libertação da ex-primeira-ministra.

"Hoje em dia, o Parlamento é o único lugar onde a oposição pode expressar pontos de vista alternativos sobre o que acontece na Ucrânia e sobre as ações antidemocráticas sem precedentes do poder", declarou Tomenko.

O deputado assinalou que a prisão da ex-primeira-ministra exige uma avaliação por parte do Parlamento de "uma situação de ilegalidade na Ucrânia, perpetrada, obviamente, com o beneplácito do presidente (Viktor Yanukovych)".

A prisão de Tymoshenko foi duramente criticada por todas as forças políticas da Ucrânia, com exceção da legenda governista, "Partido das Regiões", e do Partido Comunista da Ucrânia, que apoiaram a polêmica decisão do juiz Rodion Kireev.

A promotoria já tinha solicitado a prisão preventiva de Tymoshenko por prejudicar o processo judicial, pedido que o juiz Rodion Kireyev rejeitou em 27 de julho passado.

Os argumentos para substituir a medida cautelar de proibição de abandonar o país pela de prisão basearam-se nos "reiterados desacatos da ré ao tribunal, em particular, e à obstrução aos interrogatórios".





Fonte: AFP

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