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M.A. sofreu violência por parte do marido durante 25 anos. Para ela, Lei Maria da Penha teria impedido agressões
"Ele vinha para cima de mim e quebrava tudo", diz vítima de violência doméstica
Quem conversa com M.A. (a entrevistada não quis ter seu nome divulgado) não imagina que durante 25 anos ela sofreu com violência doméstica. Hoje, com 54 anos e três filhos, diz com orgulho que conseguiu superar as agressões sofridas por parte do marido.
"Lembrar é muito doloroso, eu me sinto mal. E o que mais dói é saber que foi uma mulher que o criou", diz emocionada. "Naquela época não tinha lei (Lei Maria da Penha) que me protegesse. Minha mãe dizia: ‘Você é forte, você aguenta". Hoje, as mulheres têm mais apoio e precisam se lembrar, sempre, de que são seres humanos e merecem respeito", enfatiza.
M.A. conta que tudo começou com agressões verbais e xingamentos. O marido chegava bêbado em casa e a destratava. Ela relata que sofreu de obesidade e pressão alta. Ficou psicologicamente abalada. Com a voz mais trêmula, ela explica que as agressões físicas vieram em seguida. "Ele vinha para cima de mim, mas eu me defendia. Ele quebrava tudo, meus filhos eram pequenos e ele jogava pratos de vidro perto deles. Uma vez minha filha ficou com um buraco no pé por causa dos cacos [de vidro]. Se fosse hoje, eu não teria sofrido tantos anos", comenta, se referindo à existência da Lei Maria da Penha.
A lei completa cinco anos no próximo domingo (7) e é apontada como símbolo da luta contra a violência contra as mulheres. A nova legislação triplicou a pena para agressões domésticas contra a mulher, aumentou os mecanismos de proteção das vítimas e alterou o Código Penal, permitindo que agressores sejam presos em flagrante ou tenham a prisão preventiva decretada.
Pela lei, a violência psicológica também passou a ser considerada violência doméstica e a vítima pode ficar afastada do trabalho por seis meses sem perder o emprego, caso seja constatada a necessidade de manutenção de sua integridade física ou psicológica.
"Deixei minha vida de lado por eles (filhos)". No entanto, sua fisionomia muda ao relatar o momento em que seu marido sai de casa e as agressões param. "Meus filhos cresceram. Um dia ele [marido] pegou o dinheiro da minha filha e quis bater nela, mas meu filho entrou na frente. Então ele [marido] percebeu que não conseguiria mais fazer o que fazia antes comigo".
Superação
Há quatro semanas, M.A. iniciou dois cursos - de manicure e auxiliar de cabeleireira - em um Centro de Cidadania da Mulher, em São Paulo. "Está sendo ótimo. Estou aprendendo como se deve lavar o cabelo com os produtos certos, como é importante usar o álcool para esterilizar o alicate e a espátula que vou usar para fazer as unhas das minhas clientes. Eu até já recebi proposta de emprego, está sendo muito bom."
Questionada sobre o que lhe deu força para amenizar as lembranças das violências sofridas, ela é enfática: "Eu sabia que as coisas iam mudar [a partir do momento que seu marido saiu de casa]. Eu sabia que aquilo estava chegando ao fim e mostrei, para mim e para todos, que eu era capaz de recomeçar.
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