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Nacional
Sábado - 06 de Agosto de 2011 às 08:01

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Quem conversa com M.A. (a entrevistada não quis ter seu nome divulgado) não imagina que durante 25 anos ela sofreu com violência doméstica. Hoje, com 54 anos e três filhos, diz com orgulho que conseguiu superar as agressões sofridas por parte do marido.

"Lembrar é muito doloroso, eu me sinto mal. E o que mais dói é saber que foi uma mulher que o criou", diz emocionada. "Naquela época não tinha lei (Lei Maria da Penha) que me protegesse. Minha mãe dizia: ‘Você é forte, você aguenta". Hoje, as mulheres têm mais apoio e precisam se lembrar, sempre, de que são seres humanos e merecem respeito", enfatiza.

M.A. conta que tudo começou com agressões verbais e xingamentos. O marido chegava bêbado em casa e a destratava. Ela relata que sofreu de obesidade e pressão alta. Ficou psicologicamente abalada. Com a voz mais trêmula, ela explica que as agressões físicas vieram em seguida. "Ele vinha para cima de mim, mas eu me defendia. Ele quebrava tudo, meus filhos eram pequenos e ele jogava pratos de vidro perto deles. Uma vez minha filha ficou com um buraco no pé por causa dos cacos [de vidro]. Se fosse hoje, eu não teria sofrido tantos anos", comenta, se referindo à existência da Lei Maria da Penha.

A lei completa cinco anos no próximo domingo (7) e é apontada como símbolo da luta contra a violência contra as mulheres. A nova legislação triplicou a pena para agressões domésticas contra a mulher, aumentou os mecanismos de proteção das vítimas e alterou o Código Penal, permitindo que agressores sejam presos em flagrante ou tenham a prisão preventiva decretada.

Pela lei, a violência psicológica também passou a ser considerada violência doméstica e a vítima pode ficar afastada do trabalho por seis meses sem perder o emprego, caso seja constatada a necessidade de manutenção de sua integridade física ou psicológica.

"Deixei minha vida de lado por eles (filhos)". No entanto, sua fisionomia muda ao relatar o momento em que seu marido sai de casa e as agressões param. "Meus filhos cresceram. Um dia ele [marido] pegou o dinheiro da minha filha e quis bater nela, mas meu filho entrou na frente. Então ele [marido] percebeu que não conseguiria mais fazer o que fazia antes comigo".

Superação

Há quatro semanas, M.A. iniciou dois cursos - de manicure e auxiliar de cabeleireira - em um Centro de Cidadania da Mulher, em São Paulo. "Está sendo ótimo. Estou aprendendo como se deve lavar o cabelo com os produtos certos, como é importante usar o álcool para esterilizar o alicate e a espátula que vou usar para fazer as unhas das minhas clientes. Eu até já recebi proposta de emprego, está sendo muito bom."

Questionada sobre o que lhe deu força para amenizar as lembranças das violências sofridas, ela é enfática: "Eu sabia que as coisas iam mudar [a partir do momento que seu marido saiu de casa]. Eu sabia que aquilo estava chegando ao fim e mostrei, para mim e para todos, que eu era capaz de recomeçar.





Fonte: Do IG

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