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Repórter News - reporternews.com.br
Carros & Motos
Sexta - 05 de Agosto de 2011 às 17:04

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Acabou o mercado de minivan no Brasil”. A frase bombástica (ou libertadora?) é de Sergio Habib, o megaempresário “dono” de Aston Martin, Jaguar e JAC Motors no Brasil. De fato, o número de emplacamentos dos monovolumes tem caído, como mostra o levantamento feito pela própria montadora: em 2002, o mercado de minivans respondia por 3,17% do mercado total, percentual que caiu para 2,62%, 2,77% e 2,22%, respectivamente, em 2003, 2004 e 2005.

Exceção feita às representantes da Nissan (Livina e Grand Livina, que praticamente tiveram suas vendas dobradas), todas registraram recuo nas vendas de 2009 para 2010. No ano ímpar, os emplacamentos foram assim: Fiat Idea com 27.652 comercializações, Chevrolet Meriva com 33.339 e Chevrolet Zafira com 9.363 unidades vendidas. No ano par, os emplacamentos caíram para 25.820 (Idea), 24.484 (Meriva) e 9.263 (Zafira). A Renault Scénic não entra na conta porque não é mais fabricada. Quem tomou clientes das minivans, de maneira geral, foram os crossovers. Ainda assim, a JAC decidiu trazer para o Brasil a minivan J6, com a intenção de vender entre 1.000 e 1.500 unidades mensais. O argumento de Habib para apostar num segmento que não tem mais recebido investimentos é o fato de a J6 não ter concorrentes à sua atura, de acordo com o empresário. Vejamos.

Por R$ 58.800, minivan traz de série vidros, travas e retrovisores elétricos; direção hidráulica, ar-condicionado digital, CD player com entrada USB e seis alto-falantes, retrovisor interno antiofuscante, volante revestido em couro, com comandos do rádio e ajustável em altura; banco do motorista com ajuste de altura, bancos traseiros individuais, rebatíveis, removíveis e deslizantes; airbag duplo, freios com ABS e EBD, alarme, sensor de estacionamento traseiro, faróis com regulagem elétrica de altura, faróis de neblina, terceira luz de freio, rack de teto, limpador traseiro com temporizador e espelho retrovisor elétrico com repetidor de direção e desembaçador. Com R$ 1.000 a mais, o cliente leva a versão Diamond, que repete todos os itens citados e inclui a terceira fileira de bancos. As duas versões – de 5 e 7 ocupantes – contam com pintura metálica, rodas aro 17 e bancos em couro como equipamentos opcionais.

Zafira, Grand Livina e Xsara Picasso, suas principais concorrentes, perdem na relação custo/benefício. A Chevrolet parte de R$ 60.891 em sua configuração mais espartana, podendo chegar a R$ 76.197 quando equipada semelhantemente à chinesa. A representante da Nissan começa em R$ 54.290, mas traz menos equipamentos, assim como a minivan da Citroën, que parte de R$ 53.990.

Primeiras impressões

A JAC J6 vem equipada com motor 2.0 de 136 cv e torque de 19 kgfm, movido a gasolina e exclusivamente acoplado a uma transmissão manual de cinco marchas. “Esse carro não vai ter câmbio automático por um bom tempo”, já avisa Habib, explicando que a JAC desenvolve, na China, uma transmissão de dupla embreagem, que ainda demora a ficar pronta.

Num trajeto que misturou trânsito e estrada sinuosa, a minivan chinesa mostrou-se uma clara amostra de onde os chineses – e particularmente a JAC – podem chegar. O condutor tem a seu favor uma posição de guiar correta, e típica de minivans. Isso nos lembra sobre como devemos guiar esse tipo de automóvel. O desempenho é adequado à proposta do modelo, e satisfará o público-alvo. É preciso atenção nas curvas, mas pais de família conscientes jamais abusam, de qualquer forma. Falando em suspensão, ela absorve bem as imperfeições do piso, graças ao seu acerto que privilegia o conforto. O câmbio tem engates fáceis, mas um tanto barulhentos. Outro som que incomodou foi o do motor, que “gritava” quando mais exigido. E a direção meio “boba” também elimina qualquer intenção de uma tocada mais impetuosa.

Quanto à relação dos ocupantes com a cabine, a visibilidade é elogiável, mas o volante poderia ter uma distribuição de espaço entre os raios mais proporcional – e, particularmente, nos parece estranho seu desenho, que lembra um chifre. Há bom espaço para quem vai à frente, mas quem surpreendeu, mesmo, foi o espaço da segunda fileira de bancos: ali vão três passageiros, sem aperto, cada um instalado no seu banco, que é deslizante. Quando só há dois, o banco do meio se transforma numa mesinha central, com um porta-objetos interessante e um porta-copos que certamente ejetará qualquer garrafa ou lata na primeira curva.

O acesso à última fileira é bom, mas os bancos dali são reservados às crianças. Adultos, só em rápidos trajetos. Destaque para o porta-malas de 720 litros, que pode chegar a 2.200 quando todos os bancos são rebatíveis.

Seria esperar demais que a J6 tivesse o comportamento dinâmico de um Mercedes-Benz Classe B, por exemplo, que apesar de ser fraco no desempenho, tem posição de guiar mais esportiva (e mais ampla, sobretudo) e estabilidade superior. Há alguns descuidos no acabamento, dificilmente encontrados nos rivais de Chevrolet, Nissan e Citroën, mas nada berrante. Assim como os compactos J3 e J3 Turin, a J6 é uma aposta que pode ou não dar certo – pós-venda, manutenção, revenda, etc – e que apela para a relação custo/benefício, uma das prioridades de grande parte dos consumidores – que o digam os 131 compradores que a J6 já conquistou.

Vender, no mínimo, 1.000 unidades mensais parece um tanto pretensioso – e até contraditório, já que o “acabou o mercado de minivan no Brasil”, como afirma o próprio Habib. Sobram equipamentos e ar de novidade ao lançamento da JAC, mas a minivan terá que provar que se manterá um bom negócio ao longo dos anos para, talvez, minimizar a invasão dos crossovers. Caso contrário, terá o mesmo destino das peruas: uma espécie em extinção. E aí, nem o Faustão salvará.





Fonte: Do IG

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