O advogado Ademar Gomes, que defende a família da jovem Flávia Anay de Lima, 16 anos, namorada do jogador da Portuguesa Rafael Silva, 20 anos, afirmou que os pais da menina devem prestar depoimento à Polícia Civil de São Paulo na sexta-feira, às 16h. Ele contraria a informação da própria polícia, que diz que o depoimento só ocorrerá na semana que vem. Flávia morreu no último domingo ao supostamente cair do 15º andar de um prédio na capital paulista. O atleta alega suicídio, mas os pais da menina afirmam que houve homicídio. Conforme a polícia, outros familiares, além de amigos da vítima, serão intimados a falar.
Hoje, depõem testemunhas relacionadas no boletim de ocorrência (BO). No documento consta o relato de uma vizinha do jogador, que disse ter ouvido os gritos da briga que antecedeu a morte da garota. Ela não soube, porém, explicar que palavras foram ditas. O BO registra ainda que foram encontrados objetos quebrados e marcas de sangue no apartamento. Foi realizada perícia no local, além de exames toxicológico e de dosagem alcoólica no corpo da estudante. O prazo para o resultado é de 30 dias.
A delegada que investiga o caso adota cautela para que não restem dúvidas sobre as circunstâncias da morte. "Vamos ouvir pessoas não relacionadas à família", disse Elisabete Sato. Rafael Silva, enquanto aguarda o desenrolar das investigações, está com sua família em uma cidade próxima a São Paulo. Conforme o advogado que o defende, Giuseppe Cláudio Fagotti, ele deve voltar a treinar em 10 dias.
"O psicológico está sendo trabalhado para ele se recuperar o mais rápido possível. Assim que o Departamento Médico da Portuguesa liberá-lo, o que deve ocorrer em dez dias, ele volta aos treinos", disse Giuseppe, que afirmou também que o atleta "não está em condições nem de falar". O advogado está convicto de que a morte foi uma fatalidade. "A gente respeita o que a família está pensando e falando, mas temos plena conviccção de que foi um acidente. Conhecemos ele há nove anos, é um menino centrado, de índole. A gente conhece onde está pisando", ressaltou.
O advogado criminalista Ademar Gomes, contratado pelos pais da vítima, afirmou que "para a família, foi homicídio. Acompanhando o inquérito, constatei que a Flávia era agredida constantemente pelo jogador. Eles (pais) me relataram isso". De acordo com o registro policial, ambos teriam iniciado uma discussão em um bar e a briga seguiu no interior do apartamento. O jogador contou aos policiais que a namorada era bastante ciumenta e que, por várias vezes, teria dito que se suicidaria caso ele a deixasse.
Segundo Rafael Silva, a namorada tentou se atirar pela janela de um dos quartos, mas foi segurada por ele. Em seguida, com parte da roupa rasgada, ela teria corrido até a sacada e de lá caiu de uma altura de cerca de 50 m. O corpo de Flávia foi enterrado na tarde desta segunda-feira em Santo André, na Grande São Paulo. Testemunhas ouvidas pela polícia disseram que, durante a discussão, praticamente só se ouvia a voz da moça.
Durante o depoimento no 10º Distrito Policial (Penha), Rafael chorou várias vezes e se apresentava em estado de choque. Por conta disso, a oitiva teve ser interrompida várias vezes. Ele também tinha um ferimento na cabeça, que teria sido provocado por uma pequena caixa de som que a namorada teria atirado contra ele.
Revelado nas categorias de base da Portuguesa, Rafael Silva, que nasceu em Feira de Santana (BA), vinha se recuperando de um problema na retina, que ocorreu durante um treinamento. Ele estava para ser reintegrado ao grupo como opção de ataque para o técnico Jorginho.
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