Tendência é de baixos estoques mundiais
A análise sobre os baixos estoques internacionais de grãos foi um dos destaques da 14ª edição do Diálogo Internacional de Produtores de Oleaginosas (IOPD – sigla em inglês), realizado no Canadá. As reservas disponíveis atualmente atendem apenas a 20% da necessidade mundial. “Isso coloca o país dentro de um cenário de oportunidades e responsabilidades”, avalia o diretor executivo da Aprosoja, Marcelo Duarte, que participou das discussões.
O grande risco apontado por Duarte são os reflexos que isso poderá provocar no programa brasileiro de biocombustível. Outro fator também que poderá incidir sobre a oferta de grãos são as barreiras impostas pela União Europeia dentro da Diretiva de Energias Renováveis (Red, em inglês).
Nesse ritmo mundial de baixa produtividade, as cotações da soja no Brasil seguem em alta e as negociações estiveram mais aquecidas nos últimos dias, apesar de vendedores brasileiros ainda estarem cautelosos após as retrações de preços. Entre os fatores apontados como determinantes para este cenário mundial da agricultura estão o crescimento acelerado da renda de países em desenvolvimento, como China, o processo de urbanização acelerado e a combinação do uso de produtos agrícolas para a produção de biodiesel.
De acordo com o diretor executivo da Aprosoja, não há perspectiva de que os estoques aumentem, pois a produção não segue o mesmo ritmo do aumento da demanda. “Vamos conviver com os estoques apertados por muito tempo ainda”, avalia.
A demanda mundial de biodiesel no ano de 2010 foi de 18 milhões de toneladas métricas. A produção utiliza 11% do volume mundial de óleos vegetais. Em termos mundiais, ainda há especulação quanto ao tamanho da safra norte-americana e ao ritmo de compras da China – posicionados hoje como os responsáveis pela grande demanda mundial, consumindo algo em torno de 5 milhões de toneladas por ano de grãos.
Além da análise sobre os estoques internacionais de soja, a edição deste ano do Diálogo Internacional de Produtores de Oleaginosas discutiu alternativas de soluções técnicas a favor da aprovação de novos eventos de biotecnologia. O evento tratou também das perspectivas para a safra 2011/12, traçou uma avaliação sobre a Rodada de Doha e debateu ainda a Política Agrícola Comum (Cap, na sigla em inglês), o programa agrícola de subsídios do bloco europeu.
A delegação da Aprosoja que participou no Canadá do evento contou com a presença do presidente da entidade, Glauber Silveira, e com o diretor do Fundo de Apoio à Cultura da Soja (Facs), Ricardo Tomczyk.
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