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Nacional
Quarta - 03 de Agosto de 2011 às 16:05

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O crescimento desordenado da cidade de São Paulo trouxe uma série de consequências que se evidenciam no cotidiano da população. O desenvolvimento da sociedade não foi acompanhado por um planejamento urbano da capital paulista, impossibilitando o combate do problema desde a sua origem, restando apenas a minimização dos impactos gerados pela falta de um projeto amplo para o crescimento da cidade. Um estudo, liderado pelo economista Tadeu Masano, que contempla os anos de 2000 até 2010, com base em pesquisas do IBGE e levantamentos do mercado imobiliário, revelou que cerca de 75% dos 800 mil habitantes que a capital paulista recebeu, se instalaram nas periferias da região. “Essas pessoas passam a morar nas franjas das cidades, em locais desprovidos de infraestrutura, o que faz com que eles de desloquem em busca de emprego”, explica Sérgio Pereira Guimarães, especialista em urbanização e diretor da Vallor Urbano, empresa com 30 anos de experiência neste segmento.

Os resultados da soma entre crescimento desordenado e a falta de planejamento urbano são acompanhados todos os dias pelos cidadãos da grande metrópole. Os grandes deslocamentos até o trabalho e o trânsito enfrentado pelos trabalhadores são apenas alguns dos fatos gerados pela inexistência de uma prevenção efetiva. Uma pessoa que mora, por exemplo, no extremo da zona sul e gaste duas horas para chegar até o trabalho e o mesmo tempo para retornar, perde, em média, 40 dias do ano apenas com esse trajeto. ”Os programas desenvolvidos pelo governo não buscam oferecer uma solução completa para o problema, a criação de programas como o Minha Casa Minha Vida, destinados a habitação popular, se resumem apenas a construção de casas, que não são suficientes para o crescimento econômico dessas regiões. É necessário um planejamento completo, que incentive a criação de empregos e geração de renda nesses locais”, afirma Sérgio.

A falta de investimentos e projetos com uma visão mais ampla do problema impedem a geração de riquezas nestes bairros. De acordo com Sérgio, a parceria público-privado é uma necessidade irrevogável quando o assunto é planejamento urbano, “a ação conjunta de poder público, iniciativa privada e comunidade determinam o sucesso de iniciativas bem sucedidas”, explica. O levantamento realizado pelo economista Tadeu Masano aponta que 60% dos prédios de escritórios construídos na década foram edificados em uma área de cerca de 80 quilômetros quadrados, que abrange apenas bairros como Pinheiros, Vila Mariana, Campo Belo e Morumbi. Ainda segundo Sérgio, “essas pessoas são colocadas nas periferias como verdadeiros depósitos humanos. Não existe uma preocupação com a infraestrutura e a atração de investimentos para essas regiões”.

As ocupações irregulares também são responsáveis por uma série de transtornos gerados a população. A favelização, os deslizamentos que ceifam centenas de vidas, as enchentes, entre outros fatos perfazem a lista de problemas ocasionados pelo crescimento desordenado. “Com a aprovação da primeira lei de zoneamento, em 1972, foi proibida a criação de novos loteamentos e novas ocupações urbanas”, conta Sérgio.  O combate aos efeitos, gerados pelo crescimento e desenvolvimento econômico da população, foram feitos apenas superficialmente, esquecendo-se da raiz do problema. Com essa iniciativa, restaram poucos espaços para implementação de projetos de urbanização para a cidade. “As raras áreas que existem encontram-se em regiões de proteção ambiental ou com grandes restrições de zoneamento”, comenta.

Para Sérgio, é necessária uma mudança urgente de posicionamento do governo, pois o adiamento de ações para minimizar os impactos causados pela falta de planejamento urbano pode fazer com que mais conseqüências ruins sejam geradas. “Se continuarmos nesse caminho, daqui a 30 anos, fabricaremos milhares de guetos, problema enfrentado pelas cidades americanas”. O especialista acredita que os projetos desenvolvidos pelo governo são ineficazes, segregando os cidadãos e obrigando-os a viver sem uma perspectiva de crescimento. “Os atuais programas de habitação não se preocupam com a integração do cidadão, são modelos que apartam e segregam as pessoas", completa.






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