CSN também adota tom de cautela sobre 2o semestre
A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) teve um resultado recorde de primeiro semestre, mas para o restante do ano o tom é de cautela, em meio a estabilidade de custos e preços de aço e sinais recentes de aumento de importação direta do metal pelo Brasil.
O grupo seguiu o tom da Usiminas, em quem tem investido e que na véspera previu manutenção de preços de aço no restante do ano.
"Apesar da queda pela metade da importação direta, que chegou no primeiro semestre passado a 1,7 milhão de toneladas, os dados preliminares de julho são preocupantes, porque eles mostram um cenário de crescimento, o que é uma ameaça muito grande para o segundo semestre", disse o diretor comercial da siderúrgica, Luiz Fernando Martinez, em teleconferência com analistas.
Uma enxurrada de importações de aço em 2010, que correspondeu praticamente à produção de uma usina siderúrgica inteira do Brasil, obrigou os produtores locais a concederem descontos no fim do ano que acabaram atingindo o lucro das empresas nos três primeiros meses do ano.
"Não vejo nada excepcional que dê para fazer em termos de preços de aço", afirmou Martinez. "Não vejo movimentos muito fortes de subida ou caída de preços no segundo semestre", acrescentou, afirmando que a empresa adotou política de negociar eventuais ajustes cliente a cliente.
Na avaliação da empresa, os preços de carvão siderúrgico devem ficar relativamente estáveis na média no segundo semestre, enquanto a demanda do maior produtor de aço mundial, a China, mostra sinais de arrefecimento.
USIMINAS
Sobre o investimento na contínua compra de ações da Usiminas no mercado, que elevou a participação da CSN desde o início do ano para 10,84 por cento das ações ordinárias e 10,2 por cento das ações preferenciais da rival, o diretor financeiro, Alberto Monteiro, foi curto: "A CSN continua avaliando alternativas estratégicas para seu investimento na Usiminas, incluindo aquisições adicionais de ações."
Ele evitou fazer comentários adicionais sobre o tema aos analistas. A empresa não concedeu entrevista à imprensa.
MINERAÇÃO SALVA
Apesar da receita líquida recorde da CSN de janeiro a junho, as operações siderúrgicas da empresa sofreram uma queda de 8,9 por cento na receita do segundo trimestre na comparação com o mesmo período do ano passado.
O que colaborou com o resultado da primeira metade do ano foi o segmento de mineração, cuja participação na geração de caixa do grupo cresceu em um ano de 36,5 por cento para 54 por cento.
Diante do cenário de dificuldades para a produção de aço no mundo, a CSN segue apostando na ampliação da área de mineração. A expectativa de investimento da empresa até 2015 é de 11 bilhões de reais, valor que inclui expansões de suas duas unidades de minério, Casa de Pedra e Namisa, e um porto exportador. O grupo encerrou junho com 11,7 bilhões de reais em caixa.
Executivos na teleconferência comentaram que a empresa mantém meta de vendas de minério de ferro em 2011 de 31 milhões de toneladas, volume que deve subir para 34,5 milhões de toneladas em 2012, das quais 33 milhões serão exportadas. O foco é chegar a 84 milhões de toneladas em 2015.
Enquanto investe em mineração, a CSN está renegociando seus contratos com os sócios asiáticos na Namisa, após a debandada da unidade das japonesas Nippon Steel e Sumitomo.
Segundo os executivos da CSN, as negociações com os sócios restantes da Namisa --que incluem as japonesas JFE e Itochu-- envolvem volumes de minério distribuídos entre as sócias restantes que aumentaram sua participação na empresa e investimentos em duas unidades de pelotização que fazem parte do plano de negócios da unidade.
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