Parentes com cargos no governo "sempre criam problemas", diz Sarney

Em meio às denúncias de corrupção no Ministério da Agricultura, controlado pelo PMDB, o senador José Sarney (PMDB-AP) disse nesta terça-feira que parentes com cargos no governo "sempre criam problemas".

Ao comentar as declarações do irmão do senador Romero Jucá (PMDB-RR), que denunciou um suposto esquema de corrupção na pasta controlada pelo PMDB, Sarney defendeu o líder governista no Senado.

"Parentes no governo sempre criam problemas, seja para o governo ou para o parente. No caso do senador Jucá, ele pediu desculpas [à presidente Dilma Rousseff] porque as declarações não eram dele. Todas as denúncias, o governo deve mandar investigar", afirmou.

Em entrevista à revista "Veja", Oscar Jucá Neto denunciou um suposto esquema de corrupção no Ministério da Agricultura, que tem o peemedebista Wagner Rossi em seu comando.

O irmão do líder do governo no Senado, ex-diretor da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), disse que existe um consórcio entre o PMDB e o PTB para controlar a estrutura do Ministério da Agricultura com o objetivo de arrecadar dinheiro.

Antes da entrevista, Jucá Neto pediu para deixar o governo após denúncias de que teria liberado irregularmente um pagamento de R$ 8 milhões na Conab.

Na opinião do presidente do Senado, os ministros peemedebistas devem ser investigados "tanto quanto membros de outros partidos" do governo. Sarney disse que Dilma "agiu corretamente" ao mandar apurar as denúncias no Ministério dos Transportes e em outras pastas onde há denúncias de corrupção.

"Ela tem agido com rigor na administração pública. Não há direção nenhuma em relação ao PMDB", afirmou.

Sarney disse que, como o PMDB integra a coligação do governo, o partido deve ser cobrado pelas áreas que administra. "Todos são responsáveis por suas áreas."

APOIO

Depois da "limpeza" promovida pela presidente no Ministério dos Transportes, com o afastamento de 24 pessoas, Sarney disse não acreditar numa rebelião de aliados contra o Executivo no Congresso.

"Eu não vejo nenhum clima político diferente da rotina da vida política, com os problemas que todos os dias temos que gerir. Eu não sinto que o clima da Casa seja diferente."