Juiz e defensores têm reforço de PMs para cumprimento de decisão
Mais de 700 expulsos por madeireiros voltam à terra
Após mais de sete anos de briga judicial, mais de 700 pessoas que foram expulsas do assentamento Roosevelt na Gleba Taquaruçu do Norte, em Colniza, a 1.065 quilômetros de Cuiabá, estão acampadas na entrada da área denominada Fazenda Estrela aguardando para ocupar novamente o local de onde foram despejadas por fazendeiros, como informou o defensor público Rogério Borges Freitas. A retomada da propriedade que possui quase 43 mil hectares começou na sexta-feira (29) com o reforço de seis policiais militares e segue durante o final de semana.
O pedido de liminar proposto pela Cooperativa Agrícola Mista de Produção Roosevelt (Cooperoosevelt) foi deferido pelo juiz da Vara Especializada em Direito Agrário, Pedro Sakamoto. Ele considerou, na decisão, que "não há justificativa jurídica capaz de impedir o cumprimento da liminar, desde que sejam respeitados os limites de posse que são objeto dos embargos de terceiro", se referindo aos 17.900 hectares que deverão permanecer com os fazendeiros que ocuparam toda a área.
O defensor público, que está no local para contribuir com a reintegração de posse, disse ao G1, por telefone, que até agora não houve nenhum conflito sério, mas prevê possível resistência por parte dos possuidores da área em deixar que os assentados retornem à gleba. "Tem pistoleiros na área e não aceitam a reintegração pacífica defendendo os direitos de madeireiros que extraem madeira de forma ilegal", pontuou.
Uma das dificuldades, ainda segundo o defensor, é reunir as 185 famílias que foram obrigadas a sair da propriedade. Ele explica que, algumas delas estavam na região de Colniza mesmo, mas outras já tinham se mudado para o estado de Rondônia.
Também estão no local o juiz Pedro Sakamoto, dois defensores públicos, incluindo Freitas, e dois assessores da Defensoria-Geral do Estado, que vão auxiliar na regularização fundiária dos lotes. A previsão é que o trabalho de cadastramento seja realizado em 15 dias, quando serão colhidos documentos das famílias e dados topográficos. Depois disso, serão verificados os casos de usucapião, em que o cidadão adquire o direito de posse de um móvel ou imóvel pelo determinado período que usufruiu do bem.
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