Líderes turcos negam crise após renúncia coletiva de generais
Para os líderes políticos turcos o sábado foi um dia como os outros, negando qualquer crise ou simplesmente não mencionando a renúncia dos quatro principais comandantes militares do país.
O general Isik Kosaner, chefe do comando geral, se demitiu na sexta-feira seguido pelos comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, em protesto contra a detenção de 250 oficiais, sob acusação de conspirar contra o governo do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan.
Mais de 40 generais na ativa, quase um décimo dos comandantes seniores da Turquia, estão detidos no momento, acusados de vários complôs para derrubar o partido governista AK de Erdogan.
As relações entre os militares resolutamente secularistas e o socialmente conservador Partido Justiça e Desenvolvimento (AK) do premiê são tensas desde que ele assumiu o poder em 2002 devido à desconfiança das raízes islâmicas da agremiação de Erdogan.
A saída dos generais causou tumulto entre os militares e consternação no mercado financeiro, mas pode se mostrar uma oportunidade para Erdogan ampliar sua autoridade sobre as outrora dominantes forças armadas turcas, as segundas maiores da Otan.
O presidente Abdullah Gul, ele mesmo um ex-membro do AK, fez pouco caso do significado das renúncias.
"Ninguém deveria ver isto como algum tipo de crise ou problema persistente na Turquia", disse Gul aos repórteres neste sábado.
"Indubitavelmente, os eventos de ontem foram uma situação extraordinária em si mesmo, mas tudo segue seu rumo."
Erdogan disse em um discurso pré-gravado transmitido no sábado que sua prioridade é levar adiante os planos de uma nova constituição, que segundo ele irá impulsionar a democracia, e não mencionou as demissões das altas patentes.
"Acredito que nossa maior tarefa é preparar uma nova constituição, democrática e liberal, sem limitações e ao encontro das necessidades de hoje", afirmou o premiê no discurso à nação. Não ficou claro quando a gravação foi feita.
Em uma mensagem de despedida aos irmãos de armas, Kosaner declarou ser impossível continuar em seu posto sem poder proteger os direitos de seus homens, que foram detidos em consequência do que chamou de um processo judicial falho.
"É impossível aceitar sua detenção como se estivesse alinhada com os princípios da lei universal, da justiça e dos valores morais", disse Kosaner.
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