"Solução caseira" barateia diálise, diz nova pesquisa
Estudo realizado pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) mostrou que o país poderia economizar R$ 69 milhões em cinco anos se ampliasse para 20% a parcela de pacientes renais crônicos que realizam diálise em casa.
O montante seria suficiente para colocar outras 1.319 pessoas em tratamento.
Segundo o Ministério da Saúde, em 2010 havia 79,4 mil pacientes em tratamento dialítico no SUS. Desses, apenas 6.000 (7,5%) realizavam a chamada diálise peritoneal, em que o próprio paciente ou familiares fazem a filtragem do sangue para substituir a função dos rins.
O procedimento é realizado através da infusão e drenagem de um líquido por um cateter abdominal e sai 5% mais barato do que a hemodiálise convencional, que usa uma máquina de filtragem e é feita em centros médicos.
A conta leva em consideração não o custo do procedimento em si --que, na diálise peritoneal, é mais caro-- mas também os gastos de um ano com medicamentos, internações, transporte e afastamento do trabalho.
"Não é uma diferença gritante, mas, se consideramos que hoje muitas pessoas morrem por falta de acesso ao tratamento, o benefício é significativo", diz o nefrologista Ricardo Sesso, um dos autores do estudo.
"Além disso, hoje há uma tendência de estimular a realização de procedimentos em casa, porque em geral eles dão mais qualidade de vida."
Para fazer a hemodiálise, o paciente, em geral, precisa ir três vezes por semana ao centro médico, onde permanece durante quatro horas.
Já os que fazem diálise peritoneal realizam o procedimento diariamente, em casa. Nas seis horas entre a infusão e a drenagem do líquido, podem realizar suas atividades.
Para evitar infecções, porém, é preciso ter cuidado com as condições de higiene. Por isso, o paciente e seus familiares recebem treinamento antes de começar a empregar a técnica.
Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Nefrologia, Daniel Rinaldi, esse é um dos motivos que faz com que a hemodiálise seja mais difundida no país.
"É comum que o doente com insuficiência renal crônica chegue ao sistema de saúde quando a doença está muito avançada. Nesses casos, tem de ir direto para a hemodiálise, não dá para fazer treinamento. E dificilmente o paciente muda de procedimento depois."
Outro problema, segundo ele, é o valor ressarcido pelo SUS. Rinaldi diz que os cerca de R$ 2.500 mensais pagos por paciente em diálise peritoneal praticamente só cobrem os gastos com material.
Ele destaca, porém, que os dois tipos de tratamento são eficientes. "Não dá para dizer que um é melhor do que o outro. Isso depende de cada caso", afirma.
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