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Esportes
Sábado - 23 de Julho de 2011 às 13:49

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O Brasil tinha condições de ir à frente, mas passou vergonha. A história que parece a de Mano Menezes à frente da seleção nesta Copa América, na pior campanha em termos de classificação do torneio, poderia até ser confundida. Mas, neste sábado, completa dez anos um dos maiores vexames do futebol do País: pelas quartas de final da principal competição do continente, Honduras surpreendia o mundo ao vencer por 2 a 0.

Além de condenar um grupo que acabou, em sua maioria, prejudicado por Luiz Felipe Scolari, o resultado deixou Saúl Martinez, hondurenho até então dono de carreira obscura, marcado como carrasco de uma das mais lamentáveis ocorrências do esporte nacional. O jogador, porém, lembra: se aquele time há dez anos foi capaz de se superar a ponto de conquistar o pentacampeonato mundial um ano mais tarde, o time de Mano Menezes é ainda mais confiável em relação ao Mundial no Brasil, em 2014.

"Não foi uma surpresa o pentacampeonato em 2002 porque sabíamos que a seleção tinha bons jogadores e a maioria não foi à Copa América. Brasil é sempre Brasil. A gente sabia que, com os jogadores que não foram à Copa América, poderia fazer um bom Mundial", relatou Sául Martinez, responsavel direto pelo resultado ocorrido em 2001, na Colômbia, em conversa exclusiva com a Gazeta Esportiva.Net. "Essa equipe de hoje é melhor que a de 2001. Tem jogadores com muito mais qualidade e essa equipe vai melhorar."

Direto de Tegucigalpa, capital de Honduras, Saúl Martínez relembra com ares otimistas para os anfitriões da próxima Copa do Mundo um de seus maiores vexames. Diante de um Brasil que não tinha Cafu, Roberto Carlos, Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho e Ronaldo, principais nomes do título mundial em 2002, os centro-americanos souberam aproveitar o acaso.

A Copa América de 2001 correu o risco de não ocorrer por conta da violência na Colômbia, sede da competição. A Argentina chegou a desistir de sua participação, cedendo sua vaga exatamente para Honduras. No Brasil, o volante Mauro Silva, campeão mundial em 1994 e esperança de experiência de Felipão para o grupo, desistiu de viajar em nome de sua segurança.

Sob desconfiança geral, os brasileiros perderam para o México na estreia por 1 a 0, mas se recuperaram com vitórias sobre Peru e Paraguai até se qualificarem para enfrentar Honduras nas quartas de final. Pouco se sabia da equipe da América Central até enfrentá-la em noite para ser esquecida: Saúl Martínez movimentou-se como quis e comandou um azarão que cansou de perder oportunidades diante de um perdido Brasil.

O goleiro Marcos, porém, foi superado no segundo tempo, quando saiu mal do gol e não conseguiu cortar cruzamento para Martínez, que acertou a trave e, na sequência, viu a bola bater em Belletti antes de encontrar as redes. Nos acréscimos, o herói hondurenho concluiu contra-ataque com arremate indefensável, selando a vergonhosa noite brasileira em Manizales.

"É um jogo que vai ser dificil de esquecer, porque as pessoas sempre lembram quando me encontram e falam: ´você fez dois gols contra o Brasil"". É uma boa recordação. Não foi o meu melhor momento como jogador, mas é um momento muito marcante na minha carreira", relatou Saúl, hoje com 35 anos e perto da aposentadoria.

"A gente entrou em campo convencido de que poderíamos fazer uma boa partida. Não sabíamos que poderíamos ganhar, mas depois do primeiro tempo percebemos que era possível", relembra o jogador, astro de um time que alcançou o terceiro lugar da competição ao empatar com o Uruguai e vencer nos pênaltis.

"O terceiro lugar na Copa América está entre as maiores conquistas do futebol de Honduras, assim como a classificação para o Mundial de 2010. É um dos maiores feitos do futebol hondurenho", celebrou Saul.

Particularmente, aquele torneio organizado na Colômbia foi útil para o atacante, que até então pouco tinha espaço em grandes centros, limitando-se a passagens por clubes dos Estados Unidos, onde hoje moram seus três filhos. Depois da Copa América, porém, Saul Martinez atuou pelo Nacional, do Uruguai, na China e no Japão, até chegar a 2011 sem propostas de times hondurenhos, fazendo-o cogitar a aposentadoria.

Destino uma década depois à parte, Martinez sabe que evoluiu com aquela competição, assim como o Brasil. E prevê o mesmo para os comandados de Mano Menezes. "A Copa do Mundo vai ser no Brasil e acho que a seleção tem a obrigação de fazer um bom campeonato diante da torcida. Tenho certeza que o Brasil vai melhorar até lá ", apostou.

É o que acredita também Luiz Felipe Scolari. Técnico daquele time, o treinador não pôde ficar no banco de reservas porque havia sido expulso no jogo anterior, contra o Paraguai, e cumpria suspensão contra Honduras. Das tribunas do estádio, orientava o coordenador técnico Antonio Lopes e assistia a um time com desempenho que o envergonhava, mas que foi decisivo para que escolhesse os membros da seleção que conquistaria o Mundial no ano seguinte.

Felipão acredita que o mesmo ocorrerá com Mano Menezes. "Quando joguei a Copa América, fui eliminado por Honduras na mesma fase e, daquele grupo, uns sete ou oito foram à Copa do Mundo. Aquilo foi uma experiência importante para eu tomar as decisões", recordou o treinador.

Entre os que enfrentaram Honduras, só Marcos, Belletti, Juninho Paulista, Júnior e Denílson, além de Emerson, cortado pouco antes do torneio, disputaram o Mundial de 2002. Dos convocados para a Copa América, também estiveram no Japão e na Coréia do Sul Roque Júnior e Dida. Em compensação, os zagueiros Cris, Luisão e Juan, os laterais Alessandro e Roger, os volantes Eduardo Costa, Fábio Rochemback e Fernando, os meias Geovanni, Juninho Pernambucano e Alex e os atacante Guilherme, Ewerthon e Jardel não foram lembrados por Scolari para a Copa do Mundo.

Trocas que, para Felipão, mostram a importância da Copa América mesmo em uma derrota. "Foi ótimo para o Mano. Ele levou, olhou, viu como as coisas transcorrem, como alguns reagem a dificuldades, como alguns se portam durante os jogos. Ele vai tomar agora uma outra linha", falou o treinador, que teve Emerson como capitão expulso por agredir um hondurenho em 2001, mas o manteve nesta condição até o volante machucar o ombro pouco antes de estrear no Mundial de 2002.

Reveja a ficha técnica da partida em que Honduras eliminou o Brasil da Copa América:

FICHA TÉCNICA
BRASIL 0 X 2 HONDURAS

Local: Estádio Palogrande, em Manizales (Colômbia)
Data: 23 de julho de 2001, segunda-feira
Público: 30.000 presentes
Árbitro: Ubaldo Aquino (Paraguai)
Assistentes: Miguel Giacomuzzi (Paraguai) e Fernando Cresci (Uruguai)
Cartões amarelos: Eduardo Costa e Júnior (Brasil); Saúl Martínez e Ninrod Medina (Honduras)
Cartões vermelhos: Emerson (Brasil); Carcamo (Honduras)

Gols:
HONDURAS: Belletti (contra), aos 12, e Saul Martínez, aos 48 minutos do segundo tempo

BRASIL: Marcos; Luisão (Juninho Pernambucano), Juan e Cris; Belletti, Eduardo Costa (Jardel), Emerson, Alex (Juninho Paulista) e Júnior; Guilherme e Denílson
Técnico: Antonio Lopes

HONDURAS: Noel Valladares; Limberth Perez, Ninrrol Medina, Samuel Caballero e Carcamo; Ricky García, Robel Bernárdez, Julio César de León (Júnior Izaguirre) e Amado Guevara; Turcios (Mario Rodríguez) e Saúl Martínez
Técnico: Ramón Maradiaga






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