Política explode gasto com estádios na Copa América
Esta edição da Copa América, que termina amanhã, foi o evento esportivo mais caro da história da Argentina graças ao bem-sucedido casamento entre política e futebol, principalmente em um ano de eleições.
O governo da presidente Cristina Kirchner liberou cifras que, segundo as contas disponíveis até agora, superam os R$ 140 milhões.
O valor é inexpressivo se comparado aos padrões brasileiros previstos para Copa do Mundo de 2014. Só a reforma do Maracanã, que deve receber a final, por exemplo, pode chegar a R$ 1 bilhão.
Mas, segundo confirmou a AFA (Associação de Futebol Argentino), principal organizador da Copa América e também um dos financiadores, nenhum outro evento esportivo custou tanto para os argentinos: nem a edição do torneio de 1987 nem a Copa do Mundo de 1978.
Os valores ainda podem sofrer variações, diz a AFA, e não incluem gastos com infraestrutura e logística. Desde 2009, quando o futebol nacional foi estatizado, a associação comandada por Julio Grondona é aliada incondicional dos Kirchner.
Para a Copa América, a Argentina construiu um novo estádio e reformou outras sete arenas do campeonato.
O novo campo foi construído na província de San Juan, no oeste do país. O estádio Bicentenário, para 25 mil torcedores, era uma antiga reivindicação local e chegou a ser prometido pelo ex-presidente Néstor Kirchner (morto em outubro do ano passado) aos políticos locais. A obra custou R$ 34 milhões.
O Bicentenário será utilizado neste segundo semestre nas Séries A e B do campeonato argentino --o San Martín, time local, acaba de subir, e o Desamparados, na Segundona, vai receber o recém-rebaixado River Plate.
Os estádios das demais sedes foram todos reformados para o torneio. La Plata, a 60 quilômetros de Buenos Aires e que sediou a abertura da Copa América, foi a que mais gastou com a remodelação: R$ 37,2 milhões.
Inaugurado no início deste ano pela segunda vez, o Único de La Plata, com capacidade para 36 mil, é o estádio mais moderno do país.
Toda sua reformulação foi bancada (como se vê nas propagandas do local) pela província de Buenos Aires, cujo governador, o peronista Daniel Scioli, é um dos principais aliados de Cristina. Ele tenta se reeleger no pleito marcado para outubro.
O único estádio que não ia ser reformado era o Monumental de Nuñez, que será o palco da final de amanhã, entre Uruguai e Paraguai.
Mas, devido aos distúrbios causados pelo rebaixamento do River Plate, no final de junho, a AFA precisou gastar cerca de R$ 1,5 milhão com reparos que continuavam até ontem. De última hora, os organizadores precisaram trocar todos os assentos dos bancos de reservas.
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