Ela entrou para os anais da música brasileira (com o perdão da piadinha infame) como a Rainha do Bumbum depois de, nos anos 70 e 80, encantar toda uma geração com seu rebolado sensual - que provocou todo tipo de fantasia na garotada da época - e sucessos que passaram no teste do tempo.
Essas delícias dançantes, com influências latinas e da música disco dos anos 70, como Conga, Conga, Conga, Freak Le Boom Boom e Melô do Piripipi, acabam de ser reunidas na coletânea Charme, Talento e Gostosura, que Gretchen lança no Rio na próxima quarta-feira (27), com pocket-show no Galeria Café, em Ipanema.
"É interessante esse lançamento, porque muita gente queria comprar discos com essas músicas e não achava. Nem eu tinha mais esses áudios. Vai ser também uma boa maneira de me mostrar para as novas gerações. Tenho um público adolescente que sempre perguntava sobre como conseguir esse material", conta Maria Odete Brito de Miranda, seu nome de batismo.
Aos 52 anos e incontáveis plásticas depois ("Acabei de fazer uma troca de prótese de busto, afinal, uma mulher da minha idade não tem mais essa coisa de rigidez na pele, uma hora a gente tem que se cuidar mesmo, né?"), ela é apontada por muita gente como precursora de dançarinas do axé ou das mulheres-fruta do funk, que surgiram também abusando das generosas curvas como um dos artifícios para chamar a atenção. Mas será que Gretchen aprova a comparação ou acha que as listadas não passam de um bando de "bunda mole"?
"Elas são totalmente diferentes, não têm nada a ver com meu trabalho. Acho até que podem ter se inspirado em mim, mas eu vou ficar para sempre. Meu trabalho está eternizado. Elas foram passageiras. Hoje, não se fala mais em Carla Perez nem em Sheila, que faziam só um trabalho de dançarinas. O meu era diferente, eu sou cantora", dispara.
Produzido pelo pesquisador Rodrigo Faour, autor do livro História Sexual da MPB, o CD traz no encarte fotos das capas de vários dos LPs e compactos de Gretchen e ainda um texto no qual ele defende sua importância em termos de comportamento na evolução do universo musical pop brasileiro.
No pocket-show preparado para a festa, no Galeria Café, ela promete desfilar sucessos e raridades. Entre o fim dos anos 70 e início dos 80, as levadas do DJ Mister Sam, que produzia Gretchen naquela época, antecipava tendências, incluindo referências ao break (Break Boom Boom), dance árabe (A-la-la-ô, My Love), samba-funk (Carmen Miranda), além da faixa que inspirou o título do CD, composta, por Jorge Ben Jor em 1983, especialmente para ela.
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