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Saúde
Sábado - 23 de Julho de 2011 às 05:17
Por: Valéria Amaral

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Implantar o cuidado integral à saúde dos povos indígenas observando as práticas e os cuidados da medicina tradicional. Esse foi o desafio apontado pela diretora de Atenção à Saúde Indígena do Ministério da Saúde, Irânia Marques, na sexta-feira (22), em Florianópolis, durante o primeiro Seminário Sul/Sudeste de Saúde Indígena Subsistema de Atenção à Saúde Indígena: onde estamos e para onde vamos. “Temos que entender a importância dos pajés, da parteira tradicional, dos xamãs e dos curandeiros na prática da medicina no dia-a-dia”, ressaltou.
 
Segundo a diretora, até o final do ano a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) elaborará um projeto para qualificação de profissionais de saúde para garantir o respeito às especificidades culturais. “Nós temos realmente que avançar para que não apenas as equipes multidisciplinares tenham esse treinamento, mas também as equipes que são referências para saúde indígena nas maternidades e nos hospitais”, afirmou.
 
Irânia Marques diz que o conhecimento dos pajés, o trabalho de orações e rituais tradicionais podem somar forças ao tratamento e cura do paciente, uma vez que na cultura indígena o pajé é o responsável pela saúde espiritual e física da tribo.  “Não é só não aceitar. Nós, não indígenas, precisamos conhecer para dialogar, criar e elaborar uma nova prática. Temos que qualificar a nossa equipe para que a gente institucionalize e garanta a prática e as medicinas tradicionais. Não pode ser um favor, tem que ser uma política”, destacou.
 
O Pajé Karaí Tatãe, 94 anos, da etnia Guarani, de Paraty(RJ), lembra da importância da prática religiosa tradicional em conjunto com o tratamento médico no momento do atendimento ao indígena enfermo. “Nós, os Pajés, temos a hora para trabalhar a ‘Pajelança’ (ritual religioso indígena). A gente pede permissão para o médico com o objetivo de ficar sozinho com a pessoa doente por algumas horas. Depois ele pode retornar e continuar a assistência médica”, destacou.
 
A pajelança é um termo genérico aplicado às diversas manifestações religiosas dos mais de 220 povos indígenas brasileiros. O termo refere-se aos rituais nos quais um pajé ou xamã entra em contato com entidades não-humanas (espíritos, animais, forças da natureza, entre outros), para resolver problemas que acometem pessoas ou coletividades.
 
O encontro na capital catarinense segue até o sábado (23) e reúne mais de 250 pessoas, entre lideranças indígenas dos sete estados que compõe as regiões Sul e Sudeste, além de técnicos e gestores do governo estadual e federal.





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