Títulos prefixados foram melhor aplicação no semestre
O balanço do programa federal Tesouro Direto, para compra de títulos da dívida pública pela internet, mostra que os títulos do tipo prefixados, em que o investidor sabe de antemão a rentabilidade, foram as melhores aplicações do semestre, num período em que Bolsa, dólar e ouro tiveram um pobre desempenho.
Enquanto o "termômetro" do mercado acionário, o Ibovespa, recuou 9,9%, a cotação da moeda americana derreteu 6,2% e a commodity, 1,83%.
Ante a rentabilidade média de 5,6% do CDB e de 3,6% da poupança no semestre, um título da dívida pública como o LTN (prefixado), para vencer em 2012, pagou um retorno de 0,96% em junho e de 5,62% em seis meses.
Títulos indexados à taxa Selic (o juro básico do país), como as LFTs (para vencer em 2012), também proporcionaram forte retorno para o investidor, pagando 0,99% em junho, e 5,53% no semestre.
Em títulos de mais longo prazo, das mesmas modalidades acima, a rentabilidade foi bastante semelhante: um NTN-F (título prefixado) com prazo de 2021 pagou 0,98% em junho e 4,60% no período de janeiro a junho.
Já um título LFT que deve expirar em 2015 ofereceu um retorno de 0,85% no mês passado, e de 5,38% no semestre.
DESASTRES
O desastre aconteceu nos títulos indexados à inflação, tanto usando o índice IGP-M (calculado pela Fundação Getúlio Vargas) ou o IPCA (a cargo do IBGE).
Um título NTN-C (indexado ao IGP-M) que vence em 2017 teve uma rentabilidade bruta negativa de 1,03% em junho, e ofereceu um retorno de apenas 2,64% no semestre.
Já um NTN-B (indexado ao IPCA) para o mesmo vencimento teve uma rentabilidade negativa de 0,60% no mês, com um retorno de 3,65% neste ano.
Títulos de prazo mais curto --para 2012, por exemplo-- tiveram um desempenho um pouco melhor: uma NTN-B pagou um retorno de 0,93% em junho e de 6,30% no ano.
As rentabilidades citadas acima são brutas, isto é, não levam em conta descontos como imposto de renda e taxas de custódia.
PERSPECTIVAS
Os retornos distintos que o investidor obteve em cada título se explicam, fundamentalmente, pelas expectativas diferentes em relação à trajetória da inflação formadas no mercado nestes últimos meses.
O boletim Focus, elaborado pelo Banco Central, mostra que boa parte dos economistas do setor financeiro havia rebaixado suas projeções para a variação do IPCA tanto em 2011 quanto em 2012.
Esse panorama está sob revisão atualmente.
As taxas de desemprego bastante deprimidas dos últimos meses, e o repiques de alguns preços importantes da cesta de consumo das famílias, já fazem muitos agentes financeiros desconfiarem da possibilidade do governo trazer a inflação para dentro da meta (4,5%) no ano que vem.
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