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Internacional
Terça - 19 de Julho de 2011 às 20:11

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O ex-editor adjunto do "News of the World", Neil Wallis, que foi preso na semana passada sob suspeita de participação no escândalo dos grampos foi conselheiro do Partido Conservador antes da eleição, segundo informou o "Guardian".

Wallis ajudou o diretor de comunicação do primeiro-ministro, Andy Coulson -- que também foi preso no escândalo --, em 2009, quando se realizavam os preparativos para as eleições gerais.

Uma fonte disse que Wallis trabalhou em um "projeto de curto prazo" que, segundo estimativa da fonte, durou cerca de uma semana, ainda que Wallis não tenha sido pago por isso.

Wallis, que era editor adjunto de Coulson, quando este editou o "News of the World", aconselhava sobre a melhor forma de obter cobertura sobre uma proposta política "específica" em tabloides.

Não se sabe se Wallis foi ao comitê central do Partido Conservador que não deu detalhes sobre o trabalho de Wallis. No entanto, um fonte do partido afirmou que não tinha nenhuma relação com os grampos.

Um porta-voz do partido disse que a notícia do envolvimento Wallis surgiu no fim de semana, quando se questionou se algum ex-executivo do tabloide já tinha sido pago para trabalhar pelo partido.

Ele disse que o primeiro-ministro só tomou conhecimento do trabalho de Wallis nos últimos dias.

"Ficamos sabendo que ele [Wallis] pode ter dado a Andy Coulson alguns conselhos informais de forma voluntária antes da eleição. Nós estamos tentando descobrir a natureza exata de qualquer aconselhamento."

SCOTLAND YARD

No domingo (17) Paul Stephenson, então chefe da Scotland Yard (Polícia Metropolitana de Londres), renunciou por seus laços com Neil Wallis, em meio a especulações de que a chefia da Scotland Yard teria trabalhado para evitar uma investigação a fundo do escândalo de grampos envolvendo a publicação, que começou em 2006.

Ele afirmou que dez dos 45 funcionários de imprensa que trabalham para a Scotland Yard são do conglomerado. Entre eles está Wallis, que foi contratado por Stephenson para ser consultor de relações públicas da polícia por um ano, até setembro de 2010.

Wallis trabalhou como editor adjunto do tabloide em 2003 junto com o ex-diretor Andy Coulson antes de ser nomeado diretor executivo em 2007.

No domingo, a imprensa britânica informou que Stephenson teria passado algumas semanas em um spa de luxo, com as despesas pagas por Wallis, que era assessor de imprensa do local. A polícia diz que a fatura foi paga pelo gerente do hotel, mas não explica por que o policial recebeu o presente.

Há ainda a suspeita de que o tabloide pagaria propina à polícia por informações e para que ela não se esforçasse para investigar as denúncias de escutas telefônicas ilegais.

Em um audiência nesta terça feira, Stephenson negou qualquer laço inapropriado com Wallis e negou também saber que o jornal grampeava milhares de celebridades, políticos, funcionários da família real e até, segundo denúncias mais recentes, familiares de soldados mortos em guerra e vítimas de crime.

"Por que não informei ao primeiro-ministro antes que o nome de Wallis esteve vinculado com as escutas telefônicas: Não tinha razão alguma para relacionar Wallis com as escutas telefônicas. Não tinha razão para duvidar que havia algo inapropriado", disse Stephenson, argumentando que Wallis trabalhava apenas meio-período para a Scotland Yard.

POLÊMICA

Stephenson aproveitou ainda a audiência para esfriar a polêmica criada com o primeiro-ministro David Cameron.

Em seu anúncio de renúncia, o policial também justificou o fato de não ter informado a Cameron a respeito da contratação de Wallis.

"Uma vez que Wallis apareceu associado às escutas telefônicas, eu não queria comprometer o primeiro-ministro revelando suspeita sobre alguém que era claramente próximo a [Andy] Coulson."

Coulson foi editor do "NoW" e assessor de imprensa de Cameron, cargo ao qual renunciou quando os escândalos ressurgiram.

Ele comparou ainda a contratação de Wallis e a de Coulson, falando que a do primeiro era um caso "menor".

Stephenson, que permanece no cargo até um substituto ser escolhido, declarou ao Comitê de Interior da Câmara dos Comuns que "não estava golpeando o primeiro-ministro".

"Eu não posso controlar a forma pela qual os meios de comunicação interpretam as coisas. Eu digo aqui e agora que não foi um ataque pessoas ao primeiro-ministro", disse.

CAMERON SOB PRESSÃO

O primeiro ministro britânico encurtou sua visita ao continente africano para retornar mais cedo a Londres por causa da crise das escutas ilegais realizadas pelo tabloide britânico "News of the World".

Um conselheiro de Cameron afirmou que o premiê volta antes do previsto para preparar discurso que fará aos parlamentares na quarta-feira sobre o escândalo dos grampos.

As pressões sobre o primeiro ministro aumentaram desde domingo, quando o chefe da polícia metropolitana londrina, Paul Stephenson, renunciou. Cameron teve o ex-editor do jornal "News of the World" Andy Coulson como porta-voz até janeiro.

Stephenson deixou o cargo após a informação de que a polícia havia contratado como consultor um editor-executivo do tabloide, Neil Wallis, que também estaria envolvido no caso dos grampos. Ao renunciar, o ex-chefe de polícia disse que a relação de Cameron com Coulson o impedia de comentar as acusações contra Wallis.

O magnata Rupert Murdoch é ouvido nesta terça-feira no Parlamento britânico a respeito das suspeitas de escutas telefônicas ilegais envolvendo o seu grupo de mídia News Corporation, que controlava o "News of the World".

Os parlamentares querem saber se Murdoch tinha conhecimento das práticas ilegais envolvendo o jornal. As revelações atingiram não apenas o conglomerado, que tem sua sede nos Estados Unidos, como a polícia e o governo britânico.

ESCÂNDALO

Há anos existem denúncias e relatos de que repórteres do tabloide "News of the World" acessaram ilegalmente mensagens de telefones de políticos, celebridades e membros da família real para obter informações exclusivas.

Nas últimas semanas, o escândalo ganhou novas proporções com denúncias de que vítimas de crimes e até familiares de soldados mortos nas guerras do Afeganistão e Iraque foram grampeados. Há ainda relatos de que o tabloide teria pago propina a policiais por informações.

Nesta semana, a comandante da Operação Weeting, que investiga os grampos, Sue Akers admitiu ao Parlamento que apenas 170 pessoas foram contatadas até agora de uma lista de 3.870 nomes, 5.000 telefones fixos e 4.000 celulares.

O "News of The World" pertencia ao grupo News Corporation (News Corp.), um dos maiores conglomerados mundiais de mídia, pertencente a Rupert Murdoch.

O tabloide era o jornal mais vendido aos domingos no Reino Unido, com uma circulação média de quase 2,8 milhões de exemplares. Sua última edição, com o título "Obrigado e Adeus", circulou no domingo passado (10), após decisão de Murdoch de fechar a publicação de 168 anos.

O escândalo também teve repercussão nos negócios de Murdoch. Ele se viu obrigado a retirar a oferta de adquirir a totalidade das ações do canal pago BSkyB, da qual já possui 39%.






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