Bolsa encontrada próxima a casa de Brooks é examinada pela polícia
Detetives estão examinando um computador, papeis e um celular encontrados em uma lata de lixo próxima à casa de Rebekah Brooks, a ex-diretora executiva do News International, segundo informação publicada pelo "Guardian".
Segundo o jornal, uma bolsa com os itens foi encontrada em um estacionamento subterrâneo em Chelsea na tarde desta segunda-feira.
O estacionamento, que fica sob um shopping, fica a poucos quarteirões do apartamento que Brooks vive com seu marido, um ex-treinador de cavalos de corrida e amigo próximo do primeiro-ministro David Cameron.
O "Guardian" afirma que a bolsa foi entregue a segurança por volta de 15h no horário local e, pouco depois, o marido de Brooks, Charlie, chegou e tentou recuperá-la. Mas, como ele não conseguiu provar que a bolsa era de sua mulher, os seguranças se recusaram a entregá-la.
Os seguranças teriam chamado a polícia que tenta descobrir quem deixou abandonou a bolsa. A suspeita de que alguém teria invadido a casa de Brooks foi abandonada.
O porta-voz oficial de Charlie, David Wilson, disse ao "Guardian" que seu cliente nega que a bolsa pertença a sua mulher. "Charlie tem uma bolsa que contém um laptop e papeis que são dele", disse Wilson.
"Os itens não têm relação com Rebekah ou com o caso [das escutas ilegais]."
REBEKAH BROOKS
A mulher de Charlie, Rebekah Brooks, que era editora do tabloide "News of the World" na época em que grampos e escutas ilegais teriam sido utilizados para obter informação exclusiva, foi presa no domingo (17) sob suspeita de conspiração para interceptar a comunicação e de corrupção.
Outras nove pessoas já foram presas com relação à investigação. Na quinta-feira passada (14), foi Neil Wallis, ex-editor executivo do "News of The World". Dias antes, foi Andy Coulson, ex-diretor do jornal e ex-porta-voz do premiê David Cameron.
Brooks comparecerá ainda ao Parlamento britânico na próxima terça-feira para responder a perguntas sobre o escândalo de grampos envolvendo os jornais do grupo de Rupert Murdoch.
O convite foi feito na quinta-feira pelo Comitê de Cultura, Mídia e Esporte, que afirma ter "perguntas sérias" sobre as provas apresentadas por Brooks e Coulson durante audiência semelhante em 2003.
Com sua detenção e interrogatório, contudo, Brooks deve se abster de responder diversas perguntas dos legisladores. Ela não poderá comentar nada que prejudique as investigações policiais em andamento.
Brooks vinha sofrendo uma intensa pressão para deixar o cargo desde que o escândalo ganhou novas proporções nas últimas semanas, com denúncias de que um detetive contratado pelo tabloide acessou as mensagens de voz do celular de uma adolescente assassinada.
Na sexta-feira (15), ela anunciou sua demissão alegando que sua tentativa de se manter no cargo a colocou no centro da polêmica: "Isso está, agora, desviando a atenção de todos os esforços de resolver os problemas do passado".
Ela disse ainda que a reputação da companhia, "assim como as liberdades de imprensa que valorizamos tanto" estão sob risco.
ESCÂNDALO
Há anos há denúncias e relatos de que repórteres do tabloide acessaram ilegalmente mensagens de telefones de políticos, celebridades e membros da família real para obter informações exclusivas.
Nas últimas semanas, o escândalo ganhou novas proporções com denúncias de que vítimas de crimes e até familiares de soldados mortos nas guerras do Afeganistão e Iraque foram grampeados. Há ainda relatos de que o tabloide teria pago propina a policiais por informações.
Nesta semana, a comandante da Operação Weeting, que investiga os grampos, Sue Akers admitiu ao Parlamento que apenas 170 pessoas foram contatadas até agora de uma lista de 3.870 nomes, 5.000 telefones fixos e 4.000 celulares.
O "News of The World" pertencia ao grupo News Corporation (News Corp.), um dos maiores conglomerados mundiais de mídia, pertencente a Murdoch.
O tabloide era o jornal mais vendido aos domingos no Reino Unido, com uma circulação média de quase 2,8 milhões de exemplares. Sua última edição, com o título "Obrigado e Adeus", circulou no domingo passado (10), após decisão de Murdoch de fechar a publicação de 168 anos.
O escândalo também teve repercussão nos negócios de Murdoch. Ele se viu obrigado a retirar a oferta de adquirir a totalidade das ações do canal pago BSkyB, da qual já possui 39%.
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