Recompra de papéis beneficia acionistas
Os programas de recompra de ações voltaram. Muito utilizadas em épocas em que o mercado está em baixa, essas operações foram anunciadas --ou renovadas-- por diversas empresas neste ano, como Vale, Bradesco e Cyrela.
Para o acionista minoritário das companhias, esses programas trazem diversas vantagens, dizem analistas.
A recompra de ações é uma forma de a empresa mostrar aos investidores que acredita que seus papéis valem mais do que preço pelo qual estão sendo vendidos.
Com dinheiro em caixa, as companhias compram parte de suas próprias ações, como forma de aumentar sua negociação e, eventualmente, até elevar seu preço.
Além disso, como acreditam que os papéis devem subir no longo prazo, elas também podem lucrar com a venda deles no futuro.
Outra opção é cancelar as ações compradas, como será feito no caso da Vale.
A mineradora --que tem uma das ações mais negociadas da Bovespa-- lançou em 30 de junho um programa para recomprar até 5,9% das ações em circulação. Para isso, vai gastar US$ 3 bilhões (R$ 4,72 bilhões).
Desde então, sua ação preferencial teve valorização de 2,77% --nos mesmos 15 dias, a Bolsa caiu 4,69%.
"Se a empresa lança esse programa de recompra, é porque entende que as ações dela são um bom investimento em relação a outras aplicações que ela poderia fazer com o seu caixa", diz Márcio Cardoso, da Título Corretora.
Por conta dessa sinalização positiva, os analistas acreditam que os acionistas dessas empresas devam manter suas posições. Além disso, pode ser um bom momento para comprar esses papéis.
"A recompra tem um viés positivo para os acionistas", afirma Marcelo Varejão, analista-chefe da Socopa.
Se a empresa cancela as ações, a participação de cada acionista na empresa aumenta automaticamente, mantendo o valor investido.
Assim, o lucro por ação cresce. E, na hora de receber os dividendos, cada investidor terá um retorno maior.
CAUTELA
Leandro Martins, da Walpires Corretora, alerta para o fato de que o anúncio da recompra não é suficiente para fazer os papéis começarem a subir de forma constante.
"Em 2008, a ação da Vale teve recompra e continuou a cair. O acionista tem que tomar cuidado, fazer uma análise técnica da ação. Preço não é loteria, não é jogo, é preciso acompanhar a cotação", afirma.
Os analistas concordam, no entanto, que a tendência para os preços é de alta.
"A Vale, por exemplo, não faria isso de maneira inconsequente. Se isso fosse só jogada, o mercado perceberia rapidamente", diz Cardoso, da Título Corretora.
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