Sob o rótulo #shakespeare4murdoch, que chegou na lista dos Trending Topics na rede social, proliferam, especialmente no Reino Unido, comentários que equipararam a situação do magnata de origem australiana, de 80 anos, com os personagens das tragédias de Shakespeare.
Famosos trechos de Macbeth, Hamlet, Rei Lear e Júlio César se encontram entre os citados pelos tuiteiros, enquanto uma das frases do dramaturgo inglês mais repetida é, como não podia diferente, a "Ser ou não ser" de Hamlet.
Os internautas recorrem a ela tanto para brincar sobre a fracassada compra de Murdoch da totalidade do canal de televisão britânico BSkyB, grave prejuízo econômico para o magnata pela crise das escutas, quanto sobre as práticas jornalísticas ilegais de seu tabloide News of the World, fechado há uma semana.
"BSkyB ou não BSskyB? Eis a questão", analisa um dos usuários do Twitter seguindo a maioria dos britânicos, que são muito críticos quanto a forte presença de Rupert Murdoch nas mídias no Reino Unido, onde controla 40% delas.
Assim, "Um cavalo, um cavalo, meu reino por um cavalo", da obra Ricardo III, se transforma em um comentário em "Um jornal, um jornal, meu reino por um jornal", em alusão ao controle de Murdoch de impressos como The Sun e The Times.
Em seus tuítes, muitos internautas britânicos demonstram conhecimento dos dramas shakespearianos que aprenderam no colégio, além do peculiar sentido do humor inglês e a rapidez na resposta.
A crise das escutas ilegais do News of the World se intensificou há dez dias ao descobrirem que entre os telefones grampeados estava o de uma menina assassinada e, desde então, Murdoch teve de fechar o jornal, renunciar a aquisição do canal BSkyB e perder dois de seus mais altos executivos.
Na troca de comentários no Twitter participaram também críticos opositores como o ex-vice-primeiro-ministro John Prescott e Alastair Campbell, ex-porta-voz de Tony Blair, chefe do governo entre 1997 e 2007.
Prescott, espionado por The News of the World, é um dos maiores críticos no Reino Unido de Rupert Murdoch, ao que acusou de preocupar-se só por salvar a sua própria pele quando publicou uma desculpa pública em sete jornais pelo ocorrido.
Outros usuários do Twitter se inspiram com as frases shakespearianas para comentar posteriormente a renúncia da executiva Rebekah Brooks como conselheira delegada de News International, o grupo de Murdoch no Reino Unido. "Até tu, Rebekah?" disse em um tuíte, em referência à frase de Júlio César a Brutus.
A crise do império Murdoch foi causada pelas escutas ilegais a políticos, famosos e até vítimas de crimes do já desaparecido News of the World, de seu grupo News Corporation, cometidas supostamente entre 2002 e 2006 no Reino Unido.
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