Denúncia foi feita na CPI das Usinas, que investiga grupo de senador e ex-governador do Estado
Susposto crime ambiental: grupo Amaggi é acusado de comprar madeira ilegal
O grupo Amaggi (André Maggi), de propriedade da família do ex-governador e atual senador Blairo Maggi (PR), é acusado de comprar, em 2009, 29 mil metros de lenha de madeira derrubadas ilegalmente e oriundas de um suposto crime ambiental praticado pela Cravari Energia S/A.
A empresa, com sede no Estado do Paraná, é responsável pela PCH (Pequena Central Hidrelétrica) Bocaiúva, que opera no município de Brasnorte (579 km a Noroeste de Cuiabá).
A denúncia foi feita pelo agricultor David Tadeu Perin, em depoimento na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) das Usinas Hidrelétricas, em andamento na Assembleia Legislativa.
Conforme Perin, relatórios da CCSEMA (Sistema de Cadastro de Consumidores de Produtos Florestais), que trata da transação comercial, detalham que houve uma distribuição da madeira aos armazéns da empresa Amaggi.
"Seis mil metros desta madeira foram parar em armazéns da Amaggi, no município de Campo Novo do Parecis, e também houve depósito em Campo Novo do Parecis. Outros 12 mil metros foram distribuídos em dois armazéns em Sapezal e uma parte no Armazém Itamarati, que fica próximo de Tangará da Serra", afirmou o agricultor.
A declaração que lançou a suspeita em torno da empresa Amaggi partiu após questionamento do deputado estadual Dilmar Dal"Bosco (DEM), relator da CPI, a respeito de quais motivos levariam técnicos da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) a não identificar, em inspeção, a derrubada ilegal da madeira.
"Acredito que nada foi registrado porque documentos comprovam que a Amaggi adquiriu a maior parte das madeiras e outras quantias foram fatiadas aos produtores locais", disse Perin.
Inicialmente, seria feita uma acareação entre o agricultor David Perin e os técnicos da Sema, diante da suspeita de omissão de informações em relatórios técnicos que tratam de indícios de crime ambiental. Porém, nenhum representante compareceu à sessão do Legislativo. A ausência se repetiu em relação ao representante do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).
Repercussão
O presidente da CPI das Usinas Hidrelétricas, Percival Muniz (PPS), recomendou cautela e anunciou que a denúncia vai ser investigada. "Estamos atentos a qualquer indício de irregularidade e, agora, cabe à equipe técnica checar todas essas informações", disse.
O relator da CPI, deputado Dilmar Dal"Bosco, informou que vai pedir uma análise de toda a documentação para verificar a legalidade. "Vamos buscar a origem destes documentos e os vínculos com esses empreendimentos. Ainda faremos uma inspeção neste local para descobrir o que realmente ocorreu", afirmou.
Outro lado
Em uma nota de esclarecimento, enviada ao MidiaNews, o Grupo André Maggi se limitou a informar que mantém "um processo de avaliação da regularidade ambiental dos fornecedores de biomassa".
"O objetivo é afastar qualquer possibilidade de aquisição de material florestal que não atenda às exigências ambientais legais", diz a nota.
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