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Quarta - 13 de Julho de 2011 às 17:34

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A nova safra do cinema nacional ocupou a telona do Theatro Municipal de Paulínia nesta terça-feira, quinta noite do Festival de Cinema de Paulínia, e foi bem recebida por um público de mais de 1.500 pessoas que lotou as dependências da casa.

Egressos da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo, os diretores Juliana Rojas, 30, e Marco Dutra, 31, apresentaram seu longa de estreia, "Trabalhar Cansa". Antes da sessão, foi exibido o curta "O Pai Daquele Menino", de Raul Arthuso, também formado em audiovisual pela USP.

Os filmes guardam uma semelhança, na medida em que retratam os dilemas da classe média paulistana em roteiros bem construídos e cheios de paralelos e espelhos irônicos. "Trabalhar Cansa" conta a história de uma dona de casa que abre um minimercado no momento em que o marido perde o emprego em uma grande corporação.

Com um intrigante jogo entre o real e o fantástico, as relações de trabalho compõem o núcleo desta narrativa, que navega entre o horror e o comentário social. Uma atmosfera de opressão permeia o filme. Nota-se um cuidado dos diretores com os enquadramentos e com a montagem.

As interpretações de Marat Descartes e Helena Albergaria são absolutamente fiéis ao contexto da história e prendem a atenção. Um final surpreendente pontua este filme cheio de frescor e com narrativa própria, diferente do que vinha sendo feito no cinema brasileiro recente.

"Trabalhar Cansa" toma de empréstimo o título de um livro do poeta italiano Cesare Pavese. Juliana Rojas diz que o filme ecoa os poemas de Pavese ao desvendar uma certa melancolia associada ao mercado de trabalho. "Os poemas serviram como inspiração para a montagem do roteiro", explica.

"Trabalhar Cansa" é o terceiro trabalho da dupla e estreou mundialmente no Festival de Cannes deste ano, na mostra Un Certain Regard. Juliana e Marco realizaram também dois curtas que foram exibidos em Cannes, "O Lençol Branco" e "Um Ramo", este último premiado como o melhor da Semana da Crítica.

"A reação do público foi uma ótima surpresa. Eu temia que fossem achar o filme frio, sem trilha sonora, econômico", disse Marco após a sessão.

O filme tem orçamento de R$ 2,5 milhões, considerado baixo para o parâmetro dos longas de ficção. Parte dele foi rodado no Polo Cinematográfico de Paulínia.






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