Família denuncia agressão de PMs que espancaram homem que sofre de esquizofrenia
Um homem que sofre de esquizofrenia teve a casa invadida por policiais militares na noite do sábado e foi torturado a ponto dos vizinhos se incomodarem com os gritos e irem em socorro dele. O fato ocorreu na região da Morada do Ouro e Eden Leite da Costa, 39, apresenta os sinais visíveis do espancamento. Além de cortes nas costas, tem lesões na cabeça e corpo. Ele teve inclusive as unhas dos pés soltas durante a "sessão de tortura" , denuncia a família. O espancamento ocorreu pouco depois das 21h, quando a vítima deixou a casa da mãe onde havia jantado e seguiu para a casa em que vive sozinho, localizada a pouco mais de 50 metros.
A mãe de Eden, Nilza Rita Leite, 58, disse que há 16 anos o filho desenvolveu os sintomas da doença e se tornou agressivo. A família mora em outra casa e deixou a residência para Eden morar sozinho. Ele perambula pelas ruas e vive juntando lixo de vizinhos, que leva para casa e depois de remexer, queima no quintal. Na casa não têm móveis, apenas um colchão onde dorme. Nilza disse que tem dificuldade para obter a receita do remédio controlado, já que os médicos do Hospital Adauto Botelho dizem que só podem dar a receita se ele comparecer à consulta. Como não consegue levá-lo, fica sem remédio.
Diz que os vizinhos conhecem o problema e até ajudam a família a "olhá-lo". Ela não acredita na versão dos PMs que foram até o local por denúncias de vizinhos de que Eden seria um ladrão e que estaria armado. A vítima foi abordada no portão de casa e passou a ser agredida. Testemunhas disseram que os PMs exigiam que Eden entregasse uma suposta arma.
Ele foi arrastado para dentro da casa, onde ocorreu a tortura. Vizinhos relataram que escutaram os gritos da vítima e o som de como se a cabeça dela fosse batida contra a parede. Na Central de Flagrantes, os PMs comandados pelo tenente Luís Marcelo da Silva disseram que Eden reagiu à prisão e que por isso foi necessário reforço policial para prendê-lo. Alegaram que com ele foi apreendida uma porção de droga.
A família confirma que ele é usuário, mas acredita que a porção de droga foi "plantada" para tentar comprometer o rapaz. Segundo a mãe, a Polícia Civil não deu andamento ao procedimento e liberou o rapaz que passou por atendimento médico e levou 4 pontos nas costas.
Corregedoria - A mãe da vítima procurou a corregedoria da PM na segunda-feira e denunciou os fatos. O comandante do 3º Batalhão, tenente-coronel Gley Alves, disse que ainda não recebeu a denúncia e que após se inteirar dos fatos se pronunciará.
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