Divisão de MT ainda é debatida
A população do Pará vai às urnas em 11 de dezembro para decidir, em plebiscito, se quer ou não a divisão e a consequente criação de duas novas unidades da federação, os Estados de Carajás e de Tapajós. A data convocação da consulta popular faz parte de uma das resoluções do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), publicadas na última sexta (8) no Diário de Justiça.
As resoluções do TSE ocorrem depois que o Congresso aprovou a realização do plebiscito sobre a possibilidade de desmembramento do Pará e a criação de dois novos Estados na região: Carajás e Tapajós. Foram dois projetos.
O que cria Carajás é de autoria do ex-senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO). O segundo, que prevê Tapajós, é de autoria do senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), o mesmo que apresentou, na década passada, um dos projetos prevendo o desmembramento de Mato Grosso.
O projeto de Mozarildo referente a Mato Grosso está arquivado. Mas em recente entrevista ao programa Entre Aspas, da Globo News, o senador voltou a defender o desmembramento do Estado, bem como de outras unidades da federação. O argumento é o mesmo ao defender a criação de Tapajós e Carajás: a distâncias das regiões a serem desmembradas da Capital; características culturais e econômicas específicas; a pouca ou quase nenhuma identidade dessas regiões com o resto do Estado; e, por todas essas “razões”, a falta de integridade da determinada região com a unidade da federação.
A lista de justificativas apresentadas para propor o desmembramento e a criação de um novo Estado é enorme. Há argumentos para tudo. O fato é que a maioria das propostas esconde interesses não decifráveis, mas no mínimo suspeitáveis. Por exemplo: o que um congressista como Cavalcanti, de outra região, teria interesse no desmembramento de Mato Grosso para criar o Estado do Araguaia?
O outro proponente da divisão de Mato Grosso é o ex-senador e ex-governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, expulso no ano passado do DEM por encabeçar um esquema de corrupção em Brasília que ficou conhecido como o “mensalão do DEM”.
Quais interesses teriam movido Arruda a apresentar um projeto prevendo a criação de mais dois Estados na repartição do território de Mato Grosso, Aripuanã e Mato Grosso do Norte? Arruda também foi autor de outra proposição de criação desta outra unidade. Outro que apresentou a mesma proposta foi o senador Francisco Escórcio (PMDB-MA).
Se as propostas apresentadas pelos congressistas “estrangeiros” suscitam suspeitas, as defendidas pelos parlamentares mato-grossenses têm interesses administrativos e políticos, em suma, mas não exatamente esclarecidos o que está por trás das intenções do deputado Wellington Fagundes, cuja base eleitoral é Rondonópolis, pretender a criação dos Estados do Araguaia e do Mato Grosso do Norte. É dele o projeto 49/03 neste sentido.
O ex-deputado Rogério Silva (PP), cuja base política é o Nortão, é autor de outra proposta, o projeto 495/03, defendendo Mato Grosso do Norte. Sua proposta, como a de Fagundes, causou intensos debates no Estado na época e, alguns anos depois, mais exatamente em 2006, quase comprometeu a campanha de reeleição do então governador Blairo Maggi (PR).
O motivo foi a presença do então deputado estadual Silval Barbosa (PMDB) na chapa como candidato a vice-governador. Tendo como base política o Nortão, Silval havia sido um fervoroso defensor da proposta de divisão na época. Durante as eleições, se viu numa saia-justa, tendo que renegar seu interesse na divisão para não comprometer a eleição. Silval Barbosa foi eleito junto com Blairo Maggi, acabou sendo reeleito, desta vez governador, em 2010, e nunca mais falou sobre o assunto.
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