Ricardo Jesus demorou a engrenar com a camisa da Ponte Preta. Após amargar a reserva em grande parte do Campeonato Paulista, o atacante se recuperou na Série B e desandou a marcar gols. Hoje, tem nove e ocupa o topo da artilharia da competição. Até por isso, é a principal esperança de gols da Ponte para o dérbi de sábado, às 16h20, contra o Guarani, no Moisés Lucarelli.
O artilheiro sabe de sua importância. Desde a saída de Washington, em 2002, o time não tem um atacante com uma boa marca de gols por jogo. Passaram pelo Majestoso nomes como Roger, Kahê e Weldon, mas Ricardo Jesus é quase unanimidade entre a torcida.
Em entrevista exclusiva ao Terra, o atacante preferiu não se comparar a Washington. Disse admirar Ronaldo e Ibrahimovic e falou sobre a importância de disputar um dérbi pela primeira vez na carreira, semelhante à adrenalina do famoso clássico Gre-Nal, que teve a oportunidade de jogar entre 2006 e 2007.
Confira a entrevista:
Como foi sua readaptação ao futebol brasileiro?
A adaptação à Ponte Preta aconteceu no tempo previsto. Durante o Campeonato Paulista, eu tinha que buscar o ritmo de jogo e me preparar fisicamente. Acho que fiz a minha parte bem. Algumas pessoas desconfiavam, mas o Gilson Kleina sempre me apoiou. Ele me passou muita confiança e isso foi muito importante. Tive a confiança da comissão técnica, melhorei no aspecto físico e me entrosei rapidamente com o grupo. Tudo isso facilitou.
Você foi revelado pelo Internacional, mas logo depois foi para o futebol russo. Seu último clube lá foi o CSKA Moscou. Não teve vontade de voltar ao Brasil antes?
A Ponte Preta me procurou no ano passado, mas houve um certo desentendimento com o CSKA, então não foi possível voltar. Na Rússia, não acessava muito à internet, mas acompanhava o futebol brasileiro. Lembro de ter olhado a classificação da Série B e visto a Ponte em segundo lugar. No final, eles acabaram em 14°. Fiquei surpreso porque foi uma queda considerável. Não sei as coisas que internamente aconteceram com o grupo, mas garanto que agora é outra história. São outros jogadores e estamos focados em subir.
Como o elenco trabalha a boa fase da Ponte na Série B?
Tudo isso é um trabalho plantado por nós lá atrás, ainda durante o Paulista. Apesar de estarmos em uma boa fase, tem muita coisa para melhorar ainda. O que podemos fazer é continuar nos dedicando, focando jogo a jogo, pensando somente em levar a Ponte Preta de volta à Série A do Brasileiro.
Sua média de gols na Série B é impressionante (nove gols em dez jogos). Já tem até uma comparação com Washington, que brilhou na Ponte nos anos 2000...
Isso me dá muito ânimo. Washington foi um grande jogador e se estou conseguindo alcançar o que ele fez, é ótimo para mim. Centroavante sempre trabalha com pressão. Se faz gol, não fez mais do que a obrigação. Se não faz, fica mais pressionado. Ainda bem que estou acostumado com isso. Mas claro que é uma motivação e tanto alcançar um feito do Washington.
Quem é sua inspiração na profissão?
Sempre gostei de ver o Ronaldo Fenômeno jogar. Foi sem dúvida um dos melhores centroavantes que vi atuar. Também gosto do Luis Fabiano, que para mim é o atacante mais completo que tem no Brasil hoje. Via muito o Washington também. Dos jogadores de fora, admiro o Ibrahimovic. Ele é muito completo.
Como segurar a ansiedade antes do dérbi?
Aqui na Ponte Preta o Gilson tem pregado a vivência de um jogo de cada vez, desde o começo da temporada. Sabemos que não acontece um dérbi há quase dois anos, mas isso não é motivo de pressão. É importante para a gente ficar entre os primeiros, aproveitar esse bom momento na tabela.
O que fazer para se dar bem no dérbi e acabar com o tabu de quase três anos sem vitória (a última foi em março de 2008, por 4 a 2, pelo Campeonato Paulista)?
Estávamos com a cabeça no Sport, assim como eles pensavam no adversário deles (ABC). O dérbi é um jogo a parte, então não podemos dar brecha para o azar. Se pensarmos muito nele, chegamos mais pressionados do que já somos. É preciso dar um passo de cada vez. Aqui já existe pressão, assim como em outros vários estados. Em Porto Alegre, é a mesma coisa no Gre-Nal, em Curitiba também. Vamos superar.
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