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Nacional
Domingo - 10 de Julho de 2011 às 09:01

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O João Ubaldo Ribeiro que provocou seguidas gargalhadas na plateia da Tenda do Autores, no começo da noite de hoje na Flip, revelou também na mesma palestra a sua descrença no homem.

"Somos uma especiezinha muito criticável. Todos nós somos uma contradição imensa. Nossa ruindade animalesca prevalece", disse Ubaldo, num trecho da conversa em que comentava seu temor sobre pesquisas genéticas.

"Tenho medo do ser humano controlando seu destino."

"Agora, nesse instante, tem alguém estrangulando alguém, tem alguém matando uma criança. Não aprendemos nada. Continuamos a repetir as mesmas atrocidades, só que mais refinadas."

Ubaldo foi aplaudido de pé ao final da palestra, que teve mediação do escritor Rodrigo Lacerda.

Quando falava sobre seu livro "Sargento Getúlio", no qual alguns veem a influência de Guimarães Rosa, o romancista baiano revelou que, diferentemente do que se pensa, a obra o escritor mineiro não lhe seduz.

"Acredite se quiser: eu jamais tinha chegado perto de um livro de Guimarães Rosa quando escrevi "Sargento Getúlio". E Guimarães Rosa não está entre os autores de meu afeto, de minha preferência. Não que ache inferior, mas não me fala."

Uma das atrações mais esperadas da Flip 2011 --foi sua estreia na festa literária, boicotada por ele em 2004 por protesto contra o pouco espaço de divulgação que lhe conferiam em relação aos estrangeiros--, João Ubaldo disse que o sucesso de um escritor depende muitas vezes do imponderável.

"O êxito ou repercussão de um escritor são coisas um pouco difíceis de traçar, de se achar uma lógica. Às vezes um sujeito escreve magnificamente e não passa de 200 exemplares, outras vezes se dá o contrário. Não há receita e há um pouco de sorte."

Ubaldo teve inúmeras tiradas espirituosas.

Ao comentar que muitas vezes a literatura nasce por encomenda, disse que "cheque gera inspiração".

Noutro momento, discorreu sobre as diferenças entre "o grande Ubaldo" e o "pequeno Ubaldo", duas entidades que convivem em guerra dentro dele.

"O grande Ubaldo é excelente, companheiro, afável, solidário. O pequeno Ubaldo é um canalha deste tamanho que vive me perseguindo, que tento botar pra fora de casa e ele não vai."

Arrancou risos ao rejeitar a ideia de que seu mais festejado romance, "Viva o Povo Brasileiro", tenha tido o propósito de reescrever a história do Brasil.

"Eu não quis reescrever nada. Quis escrever um romance bem escrito, grande. E grosso."

Causou a mesma reação dos espectadores quando comentava como consegue tornar verossímeis certas situações em seus livros. "Me perguntam: "Como você conseguiu escrever aquelas cenas tão realistas de homossexualismo? Eu digo: "Treinando com amigos"."






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