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Nacional
Sábado - 09 de Julho de 2011 às 14:08

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Ex-diretor do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), o geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos considera "um erro grave" o fato de a Prefeitura de São Paulo tocar uma obra do porte da realizada na favela Mata Virgem sem retirar os moradores de lá.

Na quinta-feira (7), uma mulher grávida e uma criança de três anos morreram após um deslizamento de terra na obra, na zona sul da cidade. Cerca de 200 famílias precisaram ser removidas de suas casas.

Para Santos, além do erro de não retirar as famílias, houve "erro de concepção do plano de obra". Na situação que existia na região, "uma clássica área de natural concentração de águas superficiais e subterrâneas", nunca se faz a toda a operação de terraplenagem de uma única vez, afirma o especialista.

Há também um erro de projeto, que pode ter contribuído para o desastre, diz Santos. "Aquelas casas da crista do morro deveriam ter sido desocupadas e seus moradores transferidos para moradias dignas e seguras. Se isso tivesse sido feito, o talude poderia ter sido abatido na parte superior, o que ajudaria muito em sua estabilidade".

A região da favela Mata Virgem é classificada como de risco muito alto para desmoronamentos pelo IPT --o instituto é conta com equipes especializadas em geologia e engenharia e foi contratado pela prefeitura para mapear as áreas de risco da cidade.

O prefeito Gilberto Kassab nega ter havido erros. "A área era uma área de geologia muito complexa, muito difícil, e com obra ou sem obra, era uma área de risco", disse ele, que descumpriu uma promessa feita em fevereiro de retirar até junho todas as famílias de áreas de alto risco.

A promessa foi feita após mapeamento do IPT apontar 1.132 imóveis em áreas de altíssimo risco que deveriam ser desocupados de imediato.

A prefeitura diz que já removeu desde então 1.761 famílias -o número é maior que o do IPT porque o município tem desocupado em algumas áreas mais imóveis que o indicado no estudo.

Segundo a prefeitura, ainda há famílias nessas áreas porque elas não aceitam a proposta para deixar o imóvel --bolsa-aluguel de R$ 300 ou indenizações de R$ 15 mil. É o que ocorreu com 78 famílias da favela Mata Virgem.

Na madrugada, um grupo de 15 moradores fez vigília no meio da rua onde as casas desabaram para tomar conta dos bens dos vizinhos. PMs também ficaram no local.

Os corpos de Yohan de Jesus, 3, e Thamires Ferreira, 17, as duas vítimas fatais do deslizamento de terras, foram enterrados ontem (8).

ÁREA DE RISCO

De acordo com a Secretaria de Habitação, 422 famílias já haviam sido transferidas desta área de risco, mas 78 resolveram permanecer. "Às vezes, a família não aceita o que é oferecido", disse o secretário da Habitação, Ricardo Pereira Leite.

A área passava por obras de urbanização e contenção de encostas. As causas do deslizamento ainda serão investigadas.

Moradores dizem que uma retroescavadeira que trabalhava na obra caiu e provocou o deslocamento da terra. Eles dizem que já haviam alertado a prefeitura.

Já a Defesa Civil diz que as condições instáveis do solo, por conta da declividade, foram agravadas por infiltrações provocadas por ligações clandestinas de esgoto.






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