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Internacional
Sexta - 08 de Julho de 2011 às 20:14

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Importantes funcionários europeus criticaram na quarta-feira a agência de classificação de crédito Moody"s, questionando o momento escolhido por ela para rebaixar os títulos da dívida pública portuguesa, esta semana, e ameaçando medidas regulatórias contra as três grandes agências de classificação de crédito.

As críticas se seguem a queixas europeias persistentes quanto à Moody"s e suas duas concorrentes, Standard & Poor"s e Fitch, relacionadas a um suposto esforço das empresas para influenciar indevidamente a formação da política econômica europeia, em meio à crise de dívida que o continente enfrenta.

O rebaixamento dos títulos portugueses em quatro graus, o que os levou ao status de junk bonds, surgiu em meio a um acalorado debate sobre o grau de pressão que deve ser exercido contra os credores privados da Grécia a fim de que permitam que Atenas renegocie seus prazos de pagamento. A decisão também reavivou os temores de expansão da crise da dívida para economias europeias maiores.

José Manuel Barroso, presidente da Comissão Europeia, afirmou que a Moody"s era culpada de "erros e exageros".

"Lastimo profundamente essa decisão... tanto pelo momento em que foi tomada quanto por sua magnitude", disse. "Nossas instituições conhecem Portugal um pouco melhor".

Angela Merkel, a chanceler [primeira-ministra] da Alemanha, e François Baroin, o novo ministro das Finanças francês, minimizaram na terça-feira a decisão da Moody"s, afirmando que ela não influenciaria seu processo
decisório.

Mas os comentários de Barroso, ecoados por Wolfgang Schäuble, o ministro das Finanças alemão, parecem definir uma mudança coordenada de tom. Os dois afirmaram que os esforços para reduzir o poder das agências ganhariam ímpeto.

"Temos de romper o oligopólio das agências de classificação de crédito", disse Schäuble.

Os mercados da zona do euro sofreram pesado abalo depois do rebaixamento. Os rendimentos dos títulos, que têm relação inversa aos preços, tiveram uma das maiores altas do ano em Portugal, e a Autoroutes du Sud de la France, uma administradora de rodovias francesas, foi forçada a cancelar a colocação de uma série de títulos de dívida.

O rendimento dos títulos italianos com prazo de 10 anos saltou para além dos 5% pela primeira vez desde novembro de 2008. Caso a Itália venha a ser contagiada, todo o projeto do euro estaria em risco, dadas as dimensões da economia do país.

As agências de classificação de crédito defenderam suas decisões. A Moody afirmou que oferece "avaliação independente e objetiva quanto a riscos de crédito de títulos de dívida".

A S&P afirmou que oferece uma avaliação global consistente de históricos de crédito.

Algumas autoridades europeias afirmaram que os rebaixamentos muitas vezes coincidem com reuniões entre líderes da Europa. "As agências de classificação de crédito estão fazendo um jogo político, e não econômico", disse um importante funcionário da União Europeia. "O momento dos rebaixamentos não é coincidência".






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