O dólar interrompeu a sequência de seis quedas consecutivas e subiu ante o real nesta terça-feira, acompanhando o ajuste nos mercados globais após notícias desanimadoras sobre a Europa. A moeda americana avançou 0,71%, a R$ 1,565, e se afastou das mínimas desde janeiro de 1999. Em seis dias, a divisa acumulou queda de 3,1%.
A Ptax, média usada como referência para derivativos e outros contratos relacionados com câmbio, fechou a R$ 1,5637 para venda, em alta de 0,37%. Dados indicando desaceleração do setor de serviços na zona do euro serviram de pretexto para ajustes técnicos na volta do feriado nos Estados Unidos.
Durante a tarde, o rebaixamento da nota de Portugal para o grau especulativo pela agência Moody"s agravou a valorização global do dólar, em um movimento de busca por proteção. O euro chegou a cair quase 1%, envolto pelo temor de uma disseminação da crise da dívida na Europa. "Quando a gente olha o euro perdendo 0,79% e aqui (o dólar) subindo 0,72% (durante a tarde), mostra a correlação forte hoje com o movimento externo", disse Luciano Rostagno, estrategista-chefe da CM Capital Markets.
Mas a tendência do dólar é cair, ponderou, apontando para a perspectiva de juros maiores no Brasil. Por isso, segundo Rostagno, o dólar pode voltar a perder terreno nos próximos dias. O principal indicador da semana, disse, será relatório de emprego nos Estados Unidos, reservado para sexta-feira.
Internamente, o mercado repercutiu as declarações do ministro da Fazenda, Guido Mantega, após evento em Londres. Ele afirmou que o governo continuará agindo contra a sobrevalorização do real e pode lançar mão de medidas sobre derivativos e contratos futuros. "Tenho a impressão de que o novo limite é R$ 1,50, e que se nós virmos a moeda se aproximar rapidamente desse nível, podemos ter novas medidas", escreveu em comentário a clientes o operador de um banco de investimento estrangeiro.
Dados da BM&FBovespa indicam uma aposta recorde dos estrangeiros na alta do real, com posição vendida de mais de US$ 23 bilhões em futuros e cupom cambial (DDI). A intervenção ainda branda do Banco Central, no entanto, sinaliza que o governo ainda está confortável com esse patamar para o câmbio, segundo o operador de uma corretora em São Paulo. Nesta terça, a autoridade monetária fez apenas um leilão de compra de dólares à vista.
"Acho que se ele fizer uns três leilões por dia e "raspar" (o mercado), ele sinaliza que está afim... e aí o mercado respeita. Não esse leilãozinho que raspa 40 milhões por dia. Isso não assusta ninguém", disse o operador.
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