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Internacional
Domingo - 03 de Julho de 2011 às 20:56

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Ahmed foi assassinado com dois tiros na cabeça depois que sua família se negou a participar em uma manifestação a favor do coronel Muamar Kadhafi. Convencido de que foi uma represália, seu tio Mohamed explica que o corpo do jovem foi deixado na frente da casa da família em Trípoli.

"Há quatro ou cinco dias, um membro de um desses ""comitês revolucionários"" de Kadhafi contactou a família do meu irmão em Trípoli", conta à AFP este homem, de 50 anos, nascido em Bengasi, reduto da insurreição que luta contra o regime há cinco meses.

"Eles disseram ""estamos com o seu filho, ele está preso. Se a sua família não participar das manifestações na sexta-feira, não voltará a vê-lo", contou.

Ahmed desapareceu em Trípoli pouco depois do começo da revolta em fevereiro, quando alguns jovens queimaram fotos de Kadhafi e invadiram a sede da televisão estatal. Sua família pensava que ele havia sido morto por soldados, mercenários ou membros das temíveis forças de Segurança.

Convencidos de que ele já estava morto, e como vizinhos já tinham sofrido ameaças parecidas, os pais não acreditaram muito na ameaça e se negaram a participar da manifestação.

"Pensávamos que era impossível que ele ainda estivesse vivo, achamos que eram só ameaças sem fundamento", acrescentou o tio.

A família acredita que Ahmed foi detido no dia 22 de fevereiro e transferido ao presídio de Abu Salim, famoso pela violência e condições ruins.

De fato, a última vez que viram Ahmed foi no sábado de manhã, morto, diante da porta da casa da família.

"As feridas eram recentes, foi assassinado de manhã mesmo, inclusive o sangue ainda estava quente", contou Mohamed, que contactou o irmão de Benghazi horas antes.

Mohamed afirma que pelo menos duas famílias no seu bairro em Trípoli receberam da mesma maneira os corpos de seus filhos na mesma manhã. As duas outras também se negaram a participar do ato pró-Kadhafi.

Não foi possível confirmar esta versão, já que o regime impôs restrições à imprensa e não podem circular livremente, mas grupos de direitos humanos como a Anistia Internacional e Human Rights Watch falaram de "provas" de execuções sumárias cometidas pelos homens de Kadhafi.

Informações sobre execuções em Trípoli também têm circulado, mas estas ONGs, que são proibidas de terem acesso à capital líbia, não podem investigar de maneira independente.

Um representante em Londres do Conselho Nacional de Transição (CNT), órgão da rebelião, afirmou em 26 de junho que 187 prisioneiros foram executados em dois dias no presídio de Abu Salim no começo do mês.

Mohamed disse que, por causa do racionamento de gasolina em Trípoli, a família teve que caminhar quatro ou cinco quilômetros para poder enterrar Ahmed.

"Só quero que o mundo saiba o que acontece com Kadhafi: ou você é partidário do regime ou te matam", afirmou.






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