Fase de instrução do processo é finalizada; Pieroni e Josino continuam na prisão
Sentença da Justiça Federal deve sair em 30 dias
O juiz da 7ª Vara Criminal da Justiça Federal de Mato Grosso, Paulo César Sodré, vai anunciar, em 30 dias, a sentença do delegado afastado da Polícia Civil, Márcio Pieroni, e do empresário Josino Guimarães, acusados de "tumultuar" o processo que apura o assassinato do juiz Leopoldino Marques do Amaral.
O magistrado foi encontrado com o corpo parcialmente carbonizado, no Paraguai, em 1999. Josino é apontado como o mandante do assassinato e Pieroni teria manipulado o inquérito para beneficiar o empresário, durante as investigações sobre o caso.
Além do delegado e do empresário, também são réus Cloves Luiz Guimarães, irmão de Josino e amigo de Pieroni, o policial Gardel Tadeu Ferreira de Lima e o detento Abadia Paes Proença.
De acordo com investigações, o grupo teria tramado para dar como verdadeira a informação de que o magistrado estaria vivo e morando na Bolívia.
Durante esta semana, a Justiça Federal realizou as audiências oitivas. No início, foram arroladas 17 testemunhas, porém dez foram dispensadas pela própria defesa de Josino, advogado Waldir Caldas.
Na ocasião, Caldas afirmou que o procedimento foi realizado porque as testemunhas eram abonatórias. Apesar disso, duas pessoas bastante citadas durante as primeiras oitivas foram intimadas - uma delas, o dentista de Leopoldino, Afonso Hideo Yamamoto, que confirmou que a arcada dentária vinda do Paraguai era mesmo do juiz.
Revogação das prisões
Agora, com o término da instrução do processo, o objetivo dos advogados de Pieroni, Sebastião Monteiro, e de Josino, Waldir Caldas, é pedir a revogação das prisões. Os dois foram os únicos presos, no dia 9 de maio, devido ao processo.
Monteiro entrou, na sexta-feira (1°), com o pedido junto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). Na quinta-feira (30), durante a oitiva, Pieroni voltou a negar que tenha tentado tumultuar o processo.
"Não há mais necessidade de Pieroni ficar preso, uma vez que ele não tem como tumultuar um processo que fase de instrução já passou", disse o advogado.
Caldas não foi localizado, porém, na quinta-feira, após a audiência, o advogado afirmou que faria o mesmo procedimento.
No caso de Josino, a prisão ocorreu por dois processos - neste, em que é réu por tentativa de farsa, e um segundo, onde é réu e apontado como o mandante do assassinato. Portanto, caso consiga a revogação de uma prisão e da outra não, o empresário continuará preso.
As defesas de Pieroni e Josino vêm tentando, desde maio, a revogação das prisões, porém sem sucesso.
Crimes
De acordo com o Ministério Público Federal, nove crimes pesam contra Josino e Pieroni: fraude processual, falsidade ideológica, quebra de sigilo funcional, interceptação telefônica para fins não autorizados em lei, desobediência, violação de sepultura, formação de quadrilha, uso de documentos falsos e denunciação caluniosa.
O crime de desobediência é atribuído apenas à Pieroni, que responde por todos os nove crimes
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