Os venezuelanos estão mergulhados em incertezas quanto ao tempo necessário para o presidente Hugo Chávez se recuperar de uma operação contra o câncer, apesar da insistência do governo de que o presidente é capaz de governar e buscar a reeleição em 2012.
Chávez, que passou quase um mês em Cuba, disse quinta-feira que foi submetido a duas cirurgias em Havana para extração de um tumor com células cancerígenas, mas não especificou uma data para seu regresso ao país. Em declaração à Rádio W da Colômbia, o vice-presidente venezuelano, Elias Jaua, estimou uma data para a volta de Chávez a Caracas. "Para o desgosto de setores da oposição da Venezuela, estamos absolutamente certos de que presidente Hugo Chávez estará aqui em menos de 180 dias ", disse Jaua.
O governo venezuelano afirma que Chávez continua liderando o país. O presidente planejava uma reunião em Cuba neste sábado com alguns membros de sua equipe de governo. Jaua e vários ministros afirmaram na sexta-feira que Chávez continua a governar de forma legal, já que tem a capacidade física e mental para fazê-lo e porque foi autorizado a deixar o país pela Assembléia Nacional.
Membros do gabinete venezuelano ressaltaram não ser necessário um plano de contingência para substituí-lo. Mas a doença do presidente, que há 12 anos promove um modelo de forte intervenção estatal em todos os setores da economia, deixa seu partido sem uma posição clara sobre sua candidatura às eleições presidenciais de 2012. "As questões permanecem não apenas sobre o retorno do presidente ao país para assumir suas funções na íntegra, mas também se ele poderá participar das eleições presidenciais de 2012 ", afirma um relatório da consultoria IHS Global Insight.
A Constituição prevê que em caso de deficiência física, o cargo deve ser assumido pelo vice-presidente. A eventual necessidade de substituir Chávez temporariamente por motivos de saúde começa a evidenciar as disputas de interesse entre os membros do governo, o partido no poder e parte das Forças Armadas, segundo fontes próximas ao governo.
O comandante-geral da Guarda Nacional, Luis Motta Dominguez, foi citado no sábado pelo jornal oficial Correo Orinoco, afirmando que o pronunciamento do presidente na quinta-feira lhes dá "força para permanecer unidos e continuar consolidação da Revolução." Ele descartou qualquer mobilização contra o líder de esquerda. "São apenas rumores, que tendem a desestabilizar onde há desespero. O militar venezuelano é leal ao seu povo e ao seu Presidente Comandante," disse Motta.
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