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Nacional
Sábado - 02 de Julho de 2011 às 11:10

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São Paulo e Rio de Janeiro são temas dos novos filmes em preparação pela artista inglesa Sarah Morris.

Ela passou dez dias gravando na capital fluminense em março, e volta em setembro ou outubro para captar imagens na capital paulista.

No mês passado, Morris foi acusada de plágio por seis artistas.

Bem antes disso, conversou com a Folha sobre seu novo projeto, que retrata o Carnaval da Marquês de Sapucaí, o arquiteto Oscar Niemeyer e cirurgia plástica.

 

"Eu acho a sociedade brasileira mais matriarcal, o que contradiz com o machismo latino, e isso é uma das questões que abordo no filme", disse Morris, um tanto deslumbrada após ver São Paulo do topo do Terraço Itália, no centro da cidade.

A artista é especialmente conhecida por suas pinturas geometrizadas, criadas a partir de estruturas arquitetônicas. Seu primeiro filme, sobre Nova York, chegou a ser exibido em São Paulo, na 25ª Bienal, em 2002, com algumas pinturas baseadas em edifícios da cidade.

Desde então, ela transformou em películas cidades como Los Angeles e Washington em "Capital", que traz imagens dos últimos dias do governo Clinton.

No entanto, sua preocupação não é de caráter documental. As investigações da artista buscam criar situações quase tão abstratas quanto suas pinturas.

"Eu basicamente imagino situações que estão acontecendo e faço isso por minha experiência nas cidades ou por pura fantasia. Mas não preciso ter a experiência eu mesma. Faço isso usando muitas mediações, por histórias contadas por outros, por exemplo", conta Morris.

Nesses filmes, ela tampouco busca criar retratos realista: "Como não sou política, não preciso me preocupar com uma representação justa ou com a verdade, mas a metodologia do filme se baseia no real."

MÁGICO DE OZ

No filme sobre o Rio, ela mistura figuras públicas cariocas, como a atriz Camila Pitanga e Niemeyer. "Eu queria tê-lo filmado com suas enfermeiras, mas acabei por registrá-lo onde trabalha o dia todo e não tem vista para o mar. Achei incrível, parecia o Mágico de Oz, naquele cubículo de 9 m², atrás de um biombo e rodeado de livros."

Morris ainda filmou uma fábrica de cerveja. "Dizem que é a maior fábrica da América Latina e ela é tão asséptica que mais parece uma usina nuclear", conta, sorrindo.

A princípio, o filme sobre o Brasil seria um só, ideia que foi abandonada logo que a artista chegou ao Rio: "Percebi que seria impossível juntar São Paulo e Rio. São cidades muito diferentes, social e culturalmente. E o Rio tem uma representação simbólica muito forte."

Ainda sem definir as locações de São Paulo, a artista pretende retratar suas contradições: "Acho fascinante como ela é múltipla e descentralizada. É ainda muito moderna, com formas tão representativas dos anos 1940 e 1950, mas que apontam para a falência desse sistema".

Os dois filmes serão exibidos em 2012 na galeria inglesa White Cube, que a representa, e num museu paulistano. Morris não quis revelar o nome da instituição, por ainda estar em negociação






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