Apesar da recuperação, indústria se mantém acomodada, diz IBGE
Apesar da recuperação em maio, a indústria se manteve em acomodação e sente ainda os reflexos das medidas do governo para frear a economia, afirmou André Macedo, economista do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Para o técnico, o resultado de maio mostra a indústria "num patamar mais elevado de produção", mas não altera a tendência de "acomodação do setor" --provocado por juros mais altos e medidas de restrição de crédito impostas pelo governo. Em maio, a produção fabril cresceu 1,3% ante abril, quando havia recuado 1,2%.
Com o resultado, a indústria voltou a operar em patamar recorde de produção --0,1 ponto percentual acima do nível de março deste ano, recorde anterior.
Para Macedo, a análise do dado acumulado em 12 meses mostra a tendência de desaceleração do ritmo de crescimento da indústria. Até abril, o índice somava uma alta de 5,4%. Nos últimos 12 meses encerrados em maio, a taxa cedeu para 4,5%.
"A indústria continua em patamar positivo, mas há uma clara redução do ritmo de crescimento."
O IBGE revisou ainda o resultado de abril, que originalmente havia apresentado retração maior: 2,1%. A "perda" de 0,9 ponto percentual --o dado foi revisto para -1,2%-- se deveu à inclusão do resultado de maio e ao fato de o Carnaval ter ocorrido em meses diferentes em 2010 e 2011 --o que não foi capitado pelo modelo de ajustamento sazonal, capaz de reduzir os efeitos típicos de cada período.
Segundo Macedo, isso mexeu com as comparações dos meses seguintes também e determinou a revisão do resultado de abril.
Apesar de o técnico enxergar nos dados de maio uma continuidade do processo de desaceleração da indústria, foram justamente os ramos diretamente ligados ao crédito e ao consumo das famílias que tiveram melhor desempenho em maio --num sinal de que a economia ainda se mantém aquecida.
A categoria de bens duráveis (veículos, eletrodomésticos e móveis) liderou com expansão de 2,7% de abril para maio. Para Macedo, porém, trata-se de uma retomada após o fraco desempenho de abril, quando houve queda de 10%.
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