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Nacional
Quinta - 30 de Junho de 2011 às 18:50

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O professor Fábio Konder Comparato, da Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo), afirmou nesta quinta-feira que é preciso discutir a responsabilidade do Estado no cumprimento da sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos) sobre a guerrilha do Araguaia.

O jurista participou hoje de uma audiência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara e disse que o Brasil romperá com a ordem internacional se desrespeitar essa decisão.

Em dezembro de 2010, a corte culpou o Brasil pelo desaparecimento de 62 integrantes da guerrilha, que foi organizada pelo PC do B no início dos anos 70 na região do Bico do Papagaio (divisa dos Estados de Tocantins, Pará e Maranhão) e classificou o fato como crime contra a humanidade. O Estado também foi condenado a devolver os restos mortais às famílias.

Para Comparato, o debate não deve levar em conta o conflito entre a decisão da corte e o julgamento anterior do STF (Supremo Tribunal Federal). A sentença da OEA é contrária a uma decisão do STF de maio de 2010, que considerou anistiados todos os crimes políticos e conexos cometidos durante o governo militar, por agentes do Estado ou por militantes políticos contrários à ditadura.

A diretora do Cejil Brasil (Centro pela Justiça e Direito Internacional), Beatriz Affonso, ressaltou na audiência que a sentença da OEA determina a tipificação do delito do desaparecimento de pessoas. "Deve ser punido quem fez desaparecer e quem hoje oculta informações", disse. A Cejil Brasil representa familiares de 53 vítimas.

Após a decisão da corte, o governo federal ampliou o grupo de buscas por restos mortais de integrantes da guerrilha. Esse grupo era formado apenas por militares e passou a incluir representantes da Comissão de Desaparecidos Políticos e da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.

Beatriz Affonso lembrou, no entanto, que a sentença também determina a participação de familiares nas buscas. Ela defendeu, ainda, a participação do Ministério Público nas buscas.






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