Silval Barbosa embarca para Rússia
O governador Silval Barbosa (PMDB) acabou de deixar o Palácio Paiaguás rumo a São Paulo, de onde segue para a Rússia para tratar de duas questões, a aquisição de equipamentos militares para a segurança na fronteira de Mato Grosso com a Bolívia e para discutir o embargo da carne suína para um dos maiores compradores do Estado.
“Já está definida a aquisição de equipamentos de alta tecnologia para o combate a crimes na fronteira, principalmente o narcotráfico e o roubo de veículos”, disse o governador pouco antes de embarcar, anunciando 10 sistemas móveis de radar que permitirão o rastreamento de 180 quilômetros e a identificação de até 300 alvos simultâneos nas áreas delimitadas. Ele frisou que as conversas com as autoridades sanitárias russas estão chanceladas pelo vice-presidente da República, Michel Temmer.
As negociações com a empresa russa Globaltech são conduzidas pelo Governo do Estado em parceria com a Agecopa. Para atender as exigências de segurança da Fifa para a Copa do Mundo de 2014, serão investidos R$14 milhões na compra do Conjunto Móvel Autônomo de Monitoramento (Coman), que dispõe de radares com sistemas termais, que identificam o alvo pela temperatura corporal, e de mapeamento. O aparelho oferece também visor noturno.
“Duas viaturas equipadas com o Coman serão entregues na Rússia e as outras 8 serão montadas em Mato Grosso, o que permitirá ao Brasil ter acesso a informações sigilosas de uma tecnologia que hoje só é conhecida por quatro países, Rússia, Israel, Estados Unidos e Alemanha”, pontua o governador Silval Barbosa.
“É um avanço para a segurança e para as pessoas, pois 90% dos crimes cometidos no Estado tem algum vínculo com o tráfico de drogas”, disse o governador do Estado que permanece na Rússia até o próximo dia 12.
Conforme determinação do contrato, a empresa está se instalando em Cuiabá (MT), na Avenida Fernando Corrêa, e realizará a transferência de tecnologia para profissionais do Estado e prestará serviço de manutenção ao longo de quatro anos. Os engenheiros russos já estão a caminho de Mato Grosso e trabalharão em parceria com os policiais do Grupo Especial de Fronteira (Gefron).
“Em 4 anos os engenheiros da Rússia são obrigados a deixar o país e então nós, mato-grossenses, passaremos a construir os mesmos radares e a exportar para toda a América do Sul. É algo inédito no Brasil e muito importante para a redução da entrada de droga no país e para a melhoria da segurança nos centros urbanos”, pontua o presidente da Agecopa, Eder Moraes.
O diretor de Orçamento e Finanças da Agecopa, Jefferson de Castro, estima que a produção do Conam em Cuiabá incremente em cerca de R$ 300 milhões a arrecadação anual do Estado. “Outro grande impacto será a criação de empregos em carreiras valorizadas, com a absorção da demanda de formandos em engenharia da Universidade Federal de Mato Grosso, por exemplo,”, avalia.
A empresa Globaltech aportou em Cuiabá há um ano e marcou o início da construção do Parque Tecnológico do Estado voltado à segurança pública. Representantes do grupo e também de outras empresas russas se reunirão com a comitiva mato-grossense e discutirão possibilidades de investimento em Mato Grosso. As reuniões acontecerão nas cidades de Rostov e em Moscou até o dia 9 de julho, data em que o governador e o presidente da Agecopa seguem para a China.
REVOLUÇÃO NA SEGURANÇA
Para o comandante do Gefron, coronel Antônio Ibanez, a negociação com a Rússia representará uma revolução no sistema de proteção da fronteira do Brasil com a Bolívia. Mato Grosso é hoje o principal corredor de transporte da pasta-base de cocaína produzida no país vizinho, o terceiro maior produtor do entorpecente no mundo, perdendo apenas para o Peru e para a Colômbia.
“Esse problema grave é histórico, 80% da droga boliviana entra no Brasil por Mato Grosso. Fora centenas de carros roubados que passam diariamente para as cidades bolivianas por “cabriteiras”, que são picadas na mata feitas por criminosos”, explica Ibanez.
Entre 2003 e 2010, o grupo de policiamento apreendeu duas toneladas de pasta-base na região de fronteira. “Cada quilo de pasta-base, rende 3 quilos de cocaína. Com o subproduto desse refino ainda se faz o crack e o oxi. Para cada quilo de cocaína, os traficantes produzem cerca de 450 “cabecinhas” da droga”, aponta Ibanez.
Para operar o Coman e intensificar as ações com tecnologia na divisão do país, 13 policiais do Gefron e do Batalhão de Operações Especiais (Bope) participam do treinamento na Rússia até o dia 10 de julho. A atuação do Gefron tornou o grupo modelo para o Governo Federal na elaboração de políticas de proteção de fronteira, contudo a extensão de 983 quilômetros de fronteira, sendo750 quilômetros terrestres e o restante formado por áreas alagadas, dificulta o controle da passagem de “mulas” e traficantes.
“Prendemos muitos ‘mulas’, mas o grande volume de droga é arremessado por aviões que voam abaixo do que os radares de tráfego aéreo podem captar”. O Coman permitirá o monitoramento e identificação de aeronaves em voos baixos, de até 15º.
Com a nova ferramenta, o comandante do Gefron já faz planos para operações diárias na região dos municípios de Mirassol D’ Oeste, Quatro Marcos, Glória D´Oeste, Araputanga e também na área de Cáceres. “Dos 28 municípios na faixa de fronteira, 17 concentram 60% da população. São cerca de 475 mil habitantes e é uma área que tem intenso fluxo de pessoas e altos índices de criminalidade pelo tráfico”.
“Com o Coman vamos aumentar as prisões, as apreensões e a recuperação de veículos roubados. O Estado de Mato Grosso vai dispor de uma tecnologia que nem mesmo o Exército Brasileiro possui”, conclui Ibanez. Também integram a comitiva da Missão à Rússia, a primeira-dama e secretária de Trabalho, Emprego, Cidadania e Assistência Social, Roseli Barbosa, o secretário-chefe da Casa Militar, Antônio Moraes e o diretor de Orçamento e Planejamento da Agecopa, Jefferson de Castro.
Comentários