China inaugura maior linha de trem-bala
Espremido entre oferecer preços competitivos e amortizar sua imensa dívida, o projeto de trem-bala chinês inaugura nesta semana a linha mais longa do mundo, entre a capital, Pequim, e o centro financeiro da segunda maior economia do mundo.
Antecipada em seis meses, a inauguração oficial será amanhã, véspera do 90º aniversário do Partido Comunista. Ontem, a convite do gove-rno, dezenas de jornalistas locais e estrangeiros, inclusive o repórter da Folha, viajamos a Xangai perto das 9h e voltamos a Pequim por volta das 19h --2.636 km em pouco mais de dez horas, incluindo uma parada de 30 minutos para a troca de trens.
A linha operará com trens CRH 380, de fabricação chinesa --é a mesma empresa que produz para o metrô do Rio. O trem usado ontem tem 16 vagões e pode transportar 1.050 passageiros.
As poltronas estão divididas em três classes: segunda, primeira e executiva. Na mais econômica, as poltronas são mais reclináveis e há mais espaço para as pernas do que num avião.
A maior atração está na executiva. Por R$ 431, o passageiro pode viajar no primeiro vagão, com visão privilegiada para a cabine de comando --fica separado por uma porta de vidro--, poltrona de couro que reclina até a horizontal, tela individual para filmes e janelas amplas.
A velocidade máxima prevista era de 350 km/h, mas o governo reduziu, ao menos no primeiro ano, para 300 km/h, em meio a preocupação com segurança e custo (menos gasto de energia e menor manutenção).
CELULAR E INTERNET
Ainda que a viagem seja mais demorada, o governo espera abocanhar parte dos passageiros nos voos Xangai-Pequim, apostando na maior previsibilidade, no conforto, na segurança (nunca houve acidente fatal com trem-bala na China) e na comodidade para usar celular e web --nesses casos, a velocidade dificulta a conexão.
Haverá três tipos de operação: trens diretos entre Pequim e Xangai, diretos entre capitais provinciais e os que param em estações menores.
Na opção Pequim-Xangai sem paradas, o trem-bala vai percorrer em quatro horas e 48 minutos uma distância (1.318 km) equivalente à de São Paulo a Pelotas (270 km de Porto Alegre), viagem que leva 21 horas em ônibus.
"Os países que hoje estão construindo trens de alta velocidade podem aprender com a China", disse He Huawu, engenheiro-chefe do Ministério das Ferrovias.
A China construirá o trem-bala no Brasil? "Isso não sei, mas espero que ganhemos", disse, em tom de brincadeira.
O repórter FABIANO MAISONNAVE viajou a convite do governo chinês.
Comentários