A Unidade de Vigilância em Zoonoses da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro intensificou o alerta para que moradores não ofereçam comida a pombos nas ruas e praças da cidade. O hábito levou à superpopulação da ave a níveis preocupantes, já que o animal transmite dezenas de doenças, entre elas a criptococose, que causa inflamação no cérebro e pode até matar.
As queixas de infestação de pombos dobraram nos últimos quatro anos, passando de 40 registros mensais no órgão, em 2007, para uma faixa de 80 a 100 neste ano. O perigo está nas fezes do animal, que podem conter fungos. "Vou rever meus hábitos", decidiu, diante do alerta, o bancário Rodrigo Lima, 21 anos, que costumava jogar pão aos pombos na Cinelândia.
Técnicos da Vigilância em Zoonoses têm feito palestras sobre o problema em escolas, clubes, praias e associações de moradores. Mas o veterinário e diretor da unidade, Fernando Ferreira, adverte: matar pombos é crime - a Lei 9605/98 os considera animais domésticos, e maus-tratos ou ações que provoquem a morte de pombos são passíveis de prisão inafiançável por até cinco anos. "A interferência humana na alimentação deles é que tem que acabar. Sem alimento fácil, eles saem à procura de sobrevivência", aconselha. Na natureza, os pombos se exercitam em busca de alimentos - grãos sortidos e insetos - e têm vida mais saudável. "Comendo só milho, o tempo de vida deles é reduzido de até 15 anos para só três", explica.
Como evitar contaminação
É preciso estar atento à limpeza de aparelhos de ar-condicionado, forros, calhas e qualquer outro local que possa reter fezes de pombo. Ninhos e sujeira deixada por pombos nunca devem ser removidos a seco, para evitar a inalação de poeira contaminada. O uso de máscaras e luvas é recomendado.
Em Londrina, no Paraná, a superpopulação da ave chegou ao limite e, em 2009, a prefeitura proibiu alimentar pombos por decreto. O supervisor veterinário da Sociedade União Internacional Protetora dos Animais (Suipa), Izanag Ferreira, considera que o Rio está alcançando situação semelhante à de Londrina. "A vida livre dos pombos, por si só, já equilibraria o sistema", diz.
Doenças
Criptococose: transmitida pela inalação de fungo das fezes do pombo, causa inflamação no cérebro e meninges. Os sintomas incluem febre, tosse, dor torácica, podendo ocorrer também dor de cabeça, sonolência, rigidez da nuca, visão diminuída, agitação e confusão mental.
Histoplasmose: infecção pulmonar causada por fungos. Os sintomas são similares aos da Criptococose.
Salmonela: infecção intestinal ocasionada pela ingestão de alimentos contaminados por bactérias presentes em fezes de pombos.
Alergias: desencadeadas por penas de pombos que contenham piolhos, ácaros e pulgas.
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