MAM reformula programa de sócios e tenta atrair famílias

Um modelo único de gestão no Brasil sustenta o MAM (Museu de Arte Moderna de São Paulo). Desde seu nascimento (1948), parte dos recursos para mantê-lo vem do seu programa de sócios, formalizado em 1995. Para se inscrever, é preciso pagar uma taxa anual, que varia de R$ 300 a R$ 8.400 e dá vantagens como cursos, palestras e visitas guiadas. Atualmente, há cerca de 600 participantes.

Agora, após pesquisa realizada com sócios e não sócios, o MAM decidiu reformular o programa.

Se antes todos os associados participavam das mesmas atividades quinzenais, hoje os eventos passaram a ser divididos em categorias de acordo com o perfil do apoiador: há atividades específicas para famílias, estudantes, interessados em arte ou patronos.

Segundo Felipe Chaimovich, curador do museu, um dos problemas da configuração anterior era que um mesmo curso costumava ser frequentado tanto por sócios mais escolados no assunto quanto por iniciantes. Hoje, a metodologia permite que os associados à categoria familiar levem os filhos pequenos a narrações de histórias no Jardim das Esculturas, por exemplo. Ou que um estudante participe de conversas com curadores de exposições em cartaz. Já um patrono, que paga a maior cota, pode, inclusive, votar em assembleias gerais.

Sócia desde 2009, a designer de embalagens Sonia Verardo, 54, deu uma cota Conteúdo (leia ao lado) de presente para a filha e para o namorado dela. Com a alteração no programa, a anuidade ficou mais cara, mas ela aprovou as mudanças. "Hoje, tenho mais opções", diz Sonia. "Participo de cursos de história da arte e de cinema e vou às exposições com visitas guiadas, que fazem muita diferença."

Acostumada a frequentar programas parecidos nos museus de seu país, a francesa Gaelle Pierson, 39, associou-se ao MAM pouco depois de chegar a São Paulo, há um ano e meio. "Na França, as associações de "amigos dos museus" são boas oportunidades para encontrar os apaixonados pela arte, ir a palestras, compartilhar ideias." Ela também aproveitou para estudar mais sobre arte brasileira e até promoveu visitas guiadas em francês para grupos. "Em pouco tempo, aprendi muito."

Para o artista plástico Marco Magalhães, 49, que se associou neste ano, o interesse por arte vem crescendo em todas as profissões. "Em um dos encontros, fiz amizade até com um piloto de avião."

Inspiração
Assim como o próprio MAM, o conceito do programa de sócios foi inspirado no modelo do MoMA, de Nova York. A ideia reflete um pouco da história do museu. Em 1963, a sociedade que sustentava o MAM foi extinta, e suas obras, doadas para a criação do Museu de Arte Contemporânea da USP. Sem acervo, a instituição retomou forças com o auxílio da sociedade civil, que se uniu para construir o atual patrimônio.

*

Categorias

FAMÍLIA
Público-alvo: pais e filhos
Inclui: oficinas, atividades culturais, visitas guiadas concebidas para crianças e adultos, narração de histórias infantis
Valor anual: R$ 300 (quatro pessoas)

CONTEÚDO
Público-alvo: estudantes e interessados em aprofundar o conhecimento em artes
Inclui: cursos, palestras, debates com curadores e críticos, grupo de estudos, visitas guiadas e visitas à reserva técnica
Valor anual: R$ 600 (individual; desconto de 50% para estudantes)

CULTURA
Público-alvo: os que querem conhecer artistas e manter contato com eles
Inclui: visitas a exposições em outras instituições, encontros com artistas e visitas guiadas
Valor anual: R$ 1.200 (duas pessoas)

INCENTIVADOR
Público-alvo: interessados em programas culturais exclusivos
Inclui: visitas guiadas com críticos e curadores, encontros com artistas em ateliês e galerias, visitas a coleções particulares e encontros sobre arte e gastronomia
Valor anual: R$ 3.600 (três pessoas)

PATRONO
Público-alvo: interessados em contribuir com programas de arte
Inclui: participação e voto na Assembleia Geral de Sócios e visitas exclusivas a coleções particulares
Valor anual: R$ 8.400 (quatro pessoas).