Países em desenvolvimento ajudaram em vitória na FAO, diz Itamaraty
O apoio dos países em desenvolvimento ao ex-ministro José Graziano, candidato do Brasil à FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), pavimentou a vitória brasileira na disputa pela direção-geral da agência, avalia o Itamaraty.
Logo após a primeira rodada de votações, o Brasil pediu um recesso de 30 minutos para se reunir com o G77 (bloco dos países em desenvolvimento) e consolidar o apoio do grupo à Graziano.
"Foi uma iluminada decisão brasileira de acertar o jogo", afirmou o porta-voz do Itamaraty, Tovar Nuves.
A eleição para a direção da FAO é feita em rodadas e se encerra apenas quando um dos candidatos recebe a maioria simples dos países-membros presentes.
O intervalo provocou reação dos países europeus, que chegaram a questionar a validade do pedido brasileiro. A assessoria jurídica da FAO, entretanto, autorizou o recesso.
Um dos principais argumentos utilizados pelo Brasil com o G77 foi o de que não havia motivo em deixar a FAO sob comando de um europeu - era o momento de algum representante dos países em desenvolvimento assumir a agência.
O candidato indonésio, Indroyo Soesilo, chegou a manifestar apoio à candidatura brasileira e pediu que seus votos fossem transferidos para Graziano. A presidente Dilma Rousseff foi informada do resultado logo após o anúncio da vitória de Graziano. Dilma e o ex-presidente Lula conversaram por telefone com o brasileiro.
Em sua primeira fala após a vitória, Graziano afirmou que não seria o diretor-geral de um grupo de países, mas de todos os 191 membros da FAO.
TURNOS
Logo após a primeira rodada de votação, com os seis concorrentes, quatro desistiram de continuar o processo de eleição. Continuaram na disputa somente o brasileiro e o ex-chanceler espanhol, Miguel Angel Moratinos.
"Nós estávamos preparados para vários turnos, mas ficou muito difícil reverter o resultado [da primeira rodada]. Daí a desistência deles", avalia o porta-voz do Itamaraty.
No primeiro turno, Graziano registrou 77 votos, contra 72 de Moratinos e somente 12 do terceiro candidato, o indonésio Indroyo Soesilo.
APOIO
A presidente Dilma Rousseff e a ministra Tereza Campello (Desenvolvimento Social) divulgaram nota neste domingo comemorando a vitória de Graziano.
"Sua reconhecida contribuição na formulação da bem-sucedida estratégia governamental de assegurar o direito dos povos à alimentação, aliada às sólidas credenciais acadêmicas e o profundo conhecimento da FAO, acumulado à frente do escritório regional da entidade em Santiago, conferem a José Graziano qualificações essenciais para o cargo que ocupará nos próximos quatro anos", afirma a nota da presidência divulgada neste domingo.
Assim como a presidente, a ministra afirmou que a vitória reflete o prestígio internacional do país.
"A eleição de José Graziano da Silva como novo diretor-geral da FAO consolida o Brasil como referência internacional em promoção de políticas de segurança alimentar e nutricional e inclusão social não somente ao seu povo, mas para os demais países do mundo", afirma trecho da nota.
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