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Agronegócios
Sexta - 24 de Junho de 2011 às 21:39

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A dois dias da eleição para a direção-geral da FAO (agência da ONU para agricultura e segurança alimentar), na qual o ex-ministro brasileiro José Graziano é candidato, o chanceler Antonio Patriota disse que o Brasil adotou políticas bem-sucedidas na agricultura e no combate à fome que podem ser replicadas em outros países em desenvolvimento.

"A formação multicultural e multiétnica do Brasil contribui para a adaptação de nossas propostas às características de outros países da América Latina, África, Oriente Médio, Ásia e Oceania", afirmou Patriota nesta sexta-feira, na abertura do seminário "Cooperação Técnica Brasileira: Agricultura, Segurança Alimentar e Políticas Sociais", em Roma, cidade-sede da FAO.

O evento, classificado pelo Blog do Planalto (ligado à Presidência) como uma "demonstração de apoio do governo brasileiro a José Graziano", antecede a 37ª Conferência da FAO, no domingo, quando será escolhido seu novo diretor-geral.

Segundo Patriota, o Brasil conseguiu, nos últimos anos, tornar-se o maior exportador líquido de alimentos do mundo, conjugar a produção de biocombustíveis com a de comida e proteger o meio ambiente.

Ele citou Graziano em seu discurso ao mencionar que, durante o governo Lula, o então ministro participou da criação do programa Fome Zero -- uma das iniciativas que, segundo o chanceler, explicam o sucesso recente do Brasil na área alimentar.

O discurso de Patriota soma-se a outros esforços recentes na tentativa de conquistar apoio ao candidato brasileiro: na última semana, Lula escreveu em artigo no jornal inglês The Guardian que, com a candidatura de Graziano, "o Brasil reafirma seu compromisso com a agenda universal de combate à pobreza e à fome".

Foi Lula quem apresentou a candidatura de Graziano à FAO, no ano passado.

Concorrentes

Ministro de Segurança Alimentar e Combate à Fome no primeiro mandato de Lula e representante regional da FAO para América Latina e Caribe desde 2006, Graziano concorre na eleição com o austríaco Franz Fischler, o indonésio Indroyono Soesilo, o iraniano Mohammad Saeid Noori Naeini, o iraquiano Abdul Latif Rashid e o espanhol Miguel Ángel Moratinos.

Para analistas e diplomatas, Graziano e Moratinos (ex-ministro espanhol dos Negócios Estrangeiros) são os favoritos na disputa.

O vencedor substituirá o senegalês Jacques Diouf, no cargo há 17 anos. Ele deixará o posto num momento em que a alta nos preços de alimentos tornou-se uma preocupação global, discutida nos principais foros internacionais.

A importância do tema talvez explique o alto número de candidatos nesta eleição (seis); na última, em 2005, Diouf não enfrentou opositores.

Reformas

A maioria dos concorrentes têm pregado reformas na FAO. Em entrevistas recentes, tanto Graziano quanto Moratinos defenderam a implantação de medidas recomendadas por uma auditoria externa, em 2007.

Quem for eleito enfrentará um problema tido como um dos entraves à atuação mais abrangente do órgão: verbas relativamente enxutas, comparadas com as de outras agências da ONU.

Para o biênio 2010/2011, a FAO conta com orçamento de US$ 1 bilhão (R$ 1,6 bilhão) , com mais US$ 1,2 (R$ 1,9 bilhão) advindos de doações voluntárias.

Segundo analistas, isso impede que a entidade ajude de forma decisiva países em dificuldades no setor alimentar, embora detenha grande expertise na área agrícola.

Outro problema com o qual o vencedor deverá lidar são divergências entre países quanto ao plantio de biocombustíveis (apontados por algumas nações como os principais causadores da inflação nos alimentos), subsídios governamentais a agricultores e o uso de espécies geneticamente modificadas na lavoura.

Na eleição, cada um dos 191 Estados membros da FAO tem direito a um voto, diferentemente de pleitos em outras agências da ONU, em que os votos dos maiores doadores têm peso maior. Acredita-se que o candidato que conseguir o apoio da maioria dos países em desenvolvimento, onde atuação da FAO se concentra, será eleito.

Se tiver êxito na disputa, o Brasil porá fim a uma série de derrotas em votações recentes na ONU. Em 2005, o embaixador Seixas Corrêa perdeu disputa para a direção-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio). Quatro anos depois, o Brasil apoiou o candidato egípcio Faruk Hosni à direção-geral da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), mas a vencedora foi a búlgara Irina Bokova.

O resultado da eleição será divulgado no próprio domingo, e o vencedor ocupará o cargo entre janeiro de 2012 e julho de 2015.






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